No dia 22 de outubro de 2023, o Bitcoin apresentou uma expressiva valorização, superando a marca de US$ 90 mil pela primeira vez desde março. A criptomoeda acumula uma alta de 21% desde sua mínima em abril, enquanto ações do mercado norte-americano e o dólar enfrentam queda. Essa situação sugere uma crescente percepção do Bitcoin como uma alternativa de proteção em tempos de incerteza econômica.
Por volta das 11h, o preço do Bitcoin estava cotado a US$ 90.282, refletindo um aumento superior a 3% somente no dia. Em contrapartida, o índice S&P 500 registrou uma queda de 6%, e o dólar sofreu uma desvalorização de 5%. Em meio a esse cenário, o ouro, tradicional ativo seguro, subiu 9%, seguindo a tendência de valorização do Bitcoin ao longo do mês.
A valorização do ativo digital surge em um contexto de crescente tensão política nos EUA. O ex-presidente Donald Trump tem pressionado o Federal Reserve por cortes nos juros e sugerido a destituição de Jerome Powell da presidência do banco central. Em resposta a essa instabilidade, investidores estão direcionando seus recursos para ativos considerados mais resilientes.
Um dos principais indicadores desse movimento foi a entrada líquida de US$ 381,4 milhões em ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos no dia 21 de outubro, marcando o maior fluxo desde janeiro e o quarto dia de investimentos em cinco. Analistas interpretam esse dado como um sinal do aumento da demanda institucional pelo Bitcoin como uma reserva de valor.
A correlação entre o Bitcoin e o S&P 500 também apresentou mudanças significativas. Nos últimos 30 dias, essa relação caiu para 0,65, marca inferior à média histórica de 1,0 observada durante períodos de forte estresse, conforme divulgado pela Compass Point. Tal comportamento indica que o Bitcoin está se desvinculando da performance do mercado acionário.
Do ponto de vista técnico, a criptomoeda superou uma faixa de resistência considerada desafiadora, entre US$ 88 mil e US$ 89 mil. Essa faixa estava associada à média de preço dos últimos 200 dias, a nuvem de Ichimoku e à máxima registrada em março. Segundo Katie Stockton, analista da Fairlead Strategies, a superação dessa resistência pode facilitar a aproximação do próximo alvo, situado em US$ 95.900.
Momento de Consolidação
Embora o recente avanço do Bitcoin ocorra com volumes de negociação relativamente baixos, analistas da gestora 21Shares apontam que o mercado se encontra em um momento de consolidação, que representa uma reorganização de forças, e não em um possível pico de ciclo, como observado no final de 2021. A 21Shares destaca que investidores de longo prazo estão voltando a adquirir Bitcoin após a correção de março, e que a liquidez global está novamente em ascensão, o que pode criar condições propícias para uma nova onda de valorização.
Diferentemente de ciclos anteriores, o mercado atual demonstra uma resposta mais madura. Após quedas acentuadas no início do ano, o preço do Bitcoin manteve-se em patamares acima dos registrados antes das eleições nos EUA, evidenciando uma certa resiliência do ativo. A falta de pânico ou vendas em massa, características presentes em ciclos anteriores, reforça essa análise.
Adicionalmente, o Bitcoin se aproxima de uma nova máxima histórica em relação ao índice Nasdaq, que reúne as principais empresas de tecnologia dos EUA. A relação entre o Bitcoin e o Nasdaq está atualmente em 4,96, perto do recorde de 5,08 registrado quando o Bitcoin alcançou US$ 109 mil em janeiro de 2023.