Ao analisar o cenário econômico atual, o Banco Central do Brasil deve adotar uma postura cautelosa, conforme observa Caio Megale, economista-chefe da XP. Em painel realizado em 24 de outubro de 2023, ao lado de Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC, Megale abordou os desafios e incertezas da política econômica global durante um evento à margem da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, EUA.
Megale destacou que a mensagem central de Guillen é de prudência, dada a incerteza em relação às políticas econômicas globais e o impacto das tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump. No dia 2 de abril de 2025, o presidente estadunidense anunciou tarifas comerciais que afetaram mais de 180 países, embora tenha suspendido algumas delas temporariamente no dia 9 do mesmo mês, gerando um ambiente de alta volatilidade nos mercados.
O economista enfatiza que essa cautela também se reflete nas decisões de política monetária em resposta à guerra comercial. Apesar disso, a expectativa de Megale é que o ciclo de alta de juros no Brasil ainda não tenha chegado ao fim. Ele aponta que a inflação permanece elevada e distante da meta estabelecida, com um crescimento econômico que ainda se mostra robusto. A previsão da XP indica que a taxa Selic pode alcançar 15,5% até o final de 2023, com uma expectativa de redução para 12,5% em 2026.
Embora existam sinais de desaceleração da economia brasileira, Megale ressalta que a intensidade e a extensão dessa desaceleração ainda são incertas. Durante o painel, Guillen mencionou que há indícios iniciais de moderação no crescimento, mas sem evidências concretas de uma desaceleração significativa.
Além disso, Megale alerta para os possíveis efeitos das tarifas globais sobre a inflação no Brasil, que podem impactar tanto a importação de produtos quanto a taxa de câmbio. Ele observou a recente volatilidade da moeda brasileira, que variou de R$ 5,60 a R$ 6,10, indicando um ambiente econômico volátil.
Outro aspecto que Megale considerou relevante foi o impacto dos novos empréstimos consignados no PIB. A XP estima que esses empréstimos possam adicionar cerca de 0,6 ponto percentual ao crescimento anualizado do PIB. Guillen, no entanto, apontou que o BC ainda não considera esses empréstimos na sua projeção de crescimento, devido a incertezas sobre o momento e o impacto da medida.
Concluindo sua análise, Megale enfatiza a necessidade de agir com cautela e a importância de monitorar as repercussões do aumento das tarifas no cenário global, especialmente em relação à possível desaceleração da economia brasileira.