A Eli Lilly anunciou na quinta-feira (17) que um comprimido experimental dos medicamentos GLP-1, incluindo o Mounjaro, demonstrou eficácia significativa no tratamento do diabetes tipo 2. Estudantes com a condição perderam, em média, quase 8% do peso corporal após 40 semanas de uso, além de uma redução nos níveis de hemoglobina glicada.
A farmacêutica Eli Lilly, produtora do Mounjaro, se destaca entre as empresas que buscam versões orais de análogos ao GLP-1. Atualmente, a única opção de comprimido disponível possui restrições dietéticas rigorosas.
O anúncio ocorre logo após a Pfizer declarar a suspensão do desenvolvimento de um tratamento diário em comprimido para obesidade, após um paciente no ensaio clínico apresentar uma possível lesão hepática que se resolveu após a interrupção do uso do medicamento.
Em 2020, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o Rybelsus, da Novo Nordisk, também para diabetes tipo 2, que requer ingestão com o estômago vazio. Profissionais de saúde alertaram que, apesar de sua eficácia, o Rybelsus pode não ser tão eficiente quanto as injeções e ainda está associado a efeitos colaterais.
A Eli Lilly detalhou que seu medicamento oral experimental, o orfglipron, não demanda essas restrições alimentares. Trata-se do primeiro GLP-1 que completou com sucesso um ensaio clínico de fase 3. Em um estudo com mais de 550 participantes que apresentavam controle glicêmico inadequado, o orforglipron resultou em uma perda de peso média de 7,2 kg (aproximadamente 7,9%) com apenas dieta e exercício, e os pacientes continuaram a emagrecer ao longo das 40 semanas.
Além disso, o estudo atingiu o objetivo primário de reduzir a hemoglobina glicada dos indivíduos participantes, mostrando uma queda média de 1,3% a 1,6% em relação ao valor de base de 8%.
Os medicamentos GLP-1 atuam no controle dos níveis de açúcar no sangue, estimulando o pâncreas a liberar insulina e diminuindo a sensação de fome, ajudando assim os pacientes a se sentirem saciados por mais tempo.
De acordo com a Lilly, mais de 65% dos participantes do ensaio obtiveram sucesso em manter seu A1C em 6,5% ou menos, um nível considerado ideal para diabéticos. Dan Skovronsky, diretor científico da Eli Lilly, comentou sobre a expectativa positiva em relação aos resultados do ensaio, afirmando que a equipe já estava confiante antes da divulgação oficial dos dados.
Os efeitos colaterais do comprimido experimental foram semelhantes aos dos análogos injetáveis, com a maioria dos eventos adversos classificados como leves a moderados, sendo o mal-estar estomacal a queixa mais comum. Notavelmente, mais de 90% dos participantes decidiram continuar o tratamento após o ensaio.
Com as injeções de GLP-1 frequentemente sendo caras e complexas, a opção de um comprimido diário pode se mostrar uma alternativa mais acessível e conveniente. Especialistas ressaltam que a forma oral pode facilitar o tratamento, especialmente para aqueles com fobia de agulhas.
A necessidade de opções de tratamento para diabetes e obesidade é crescente, com mais de 40% dos adultos americanos afetados pela obesidade e cerca de 11,6% diagnosticados com diabetes até 2021, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
A Eli Lilly já iniciou a produção de orforglipron, prevendo atender à demanda, caso os resultados de outros testes se mostrem favoráveis. A empresa planeja submeter o medicamento à aprovação para controle de peso até o final do ano e divulgar novos resultados sobre seu uso no tratamento do diabetes tipo 2 em 2026.