O exército israelense revelou neste domingo, 20 de outubro, que uma revisão interna sobre o assassinato de 15 socorristas em Gaza, ocorrido em 23 de março, identificou falhas profissionais e violações de procedimentos, mas rejeitou a possibilidade de que houve uma tentativa deliberada de ocultar os fatos.
Os socorristas foram mortos a tiros nas proximidades da cidade de Rafah, no sul de Gaza, e seus corpos foram encontrados uma semana depois em uma cova rasa, localizada por autoridades da ONU e do Crescente Vermelho Palestino. Em consequência do incidente, um comandante será repreendido e um subcomandante será demitido. No entanto, a investigação não indicou se haverá responsabilização criminal.
A investigação apontou que “várias falhas profissionais” ocorreram, além de “violação de ordens” e a inadequação na comunicação do evento. Os militares esclareceram que os disparos nos dois primeiros incidentes foram consequência de um mal-entendido operacional, com as tropas acreditando estar frente a uma ameaça real. O terceiro caso revelou que uma ordem foi desrespeitada durante um combate.
Os militares informaram que o subcomandante havia dado a ordem de disparar contra indivíduos que saíam de veículos que, posteriormente, foram identificados como ambulâncias e um caminhão de bombeiros. Uma hora antes, houve outro disparo contra um veículo ou que supostamente seria do Hamas. O vice-comandante não conseguiu distinguir os veículos do segundo incidente devido à baixa visibilidade noturna.
Embora o exército afirme que seis dos mortos eram “terroristas do Hamas”, um vídeo obtido do celular de um dos socorristas e publicado pelo Crescente Vermelho Palestino mostra claramente os socorristas uniformizados, ambulâncias e caminhões de bombeiros sendo alvejados por soldados, enquanto as luzes de emergência estavam acesas.
Após cerca de 15 minutos do ataque aos socorristas, o exército relata que disparos foram feitos contra um veículo palestino das Nações Unidas e admitiu que houve “erros operacionais que violam as normas”. O comando militar destacou que um comandante irá responder por sua “responsabilidade geral” no caso, e um subcomandante será dispensado por fornecer um “relatório incompleto e impreciso”.