Os Estados Unidos anunciaram a implementação de novas taxas portuárias para navios chineses, uma medida que visa fortalecer a indústria naval americana em meio ao crescente domínio da China nesse setor. A informação foi divulgada pelo Representante Comercial dos EUA (USTR) na quinta-feira, 17 de outubro, por meio de um aviso publicado no Federal Register.
Os novos impostos, que começam a valer dentro de aproximadamente 180 dias, serão cobrados de todos os navios construídos e de propriedade chinesa que atracarem em portos americanos. A taxa será calculada com base na tonelagem líquida ou nas mercadorias transportadas em cada viagem e poderá ser ajustada nos próximos anos.
Inicialmente, a proposta apesentada em fevereiro previa cobranças que chegavam a US$ 1,5 milhão por escala em um porto, mas foi suavizada após críticas da indústria. Assim, a partir de 14 de outubro, navios de propriedade e operados por chineses pagarão US$ 50 por tonelada líquida, com aumentos de US$ 30 a cada ano por três anos. Já os navios construídos na China, mas operados por empresas não chinesas, terão uma taxa de US$ 18 por tonelada líquida, com um incremento de US$ 5 anualmente.
A medida alimenta ainda mais as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Desde o início de sua administração, o presidente Donald Trump já impôs tarifas que somam 145% sobre produtos chineses, enquanto Pequim retaliou com tarifas de 125% sobre produtos americanos. Durante uma coletiva na Casa Branca, Trump manifestou preocupação com possíveis aumentos tarifários, alegando que isso poderia desencorajar o consumo.
Por sua vez, o governo chinês respondeu afirmando que as novas taxas estão fadadas ao fracasso. Em uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, criticou as medidas dos EUA, argumentando que elas não apenas aumentarão os custos globais de transporte marítimo, mas também criarão pressões inflacionárias dentro dos Estados Unidos, afetando consumidores e empresas americanas.
Além disso, Lin afirmou que as oportunidades de revitalizar a indústria naval americana são limitadas, enfatizando a necessidade de respeito mútuo nas negociações comerciais. A China expressou disposição para dialogar, contanto que haja consistência e reciprocidade por parte do governo americano.
As novas tarifas refletem um cenário econômico instável e a continuidade de uma guerra comercial que impacta o comércio global e as relações entre os Estados Unidos e a China.