Kimmel retorna na terça, mas Sinclair mantém show fora da ABC

O programa “Jimmy Kimmel Live!” retornará à rede ABC na terça-feira, encerrando um impasse que durou quase uma semana sobre a exibição do talk show. Contudo, nem todas as emissoras afiliadas à ABC exibirão a volta de Kimmel. A Sinclair, um dos maiores proprietários de estações de televisão locais do país, anunciou que suas afiliadas irão substituir a transmissão do programa por programação de notícias, começando na mesma noite.
Uma porta-voz da Sinclair informou que as conversas sobre a possível volta do show estão em andamento. A decisão de interromper a exibição de Kimmel ocorreu após críticas de proprietários conservadores, o que contribuiu para a decisão da Disney, controladora da ABC, de suspender temporariamente o programa.
A polêmica começou na semana passada, quando Kimmel fez comentários sobre a reação do movimento MAGA em relação ao assassinato de Charlie Kirk. Em seu monólogo, ele afirmou que o grupo tentava se distanciar do suspeito do crime, um jovem de 22 anos, tentando se apropriar politicamente da situação.
No dia seguinte à sua declaração, Brendan Carr, um aliado próximo do ex-presidente Trump na FCC, sugeriu publicamente a suspensão do programa. Em questão de poucas horas, as grandes redes de estações, incluindo Sinclair e Nexstar, indicaram que iriam interromper a exibição do programa localmente, resultando na suspensão total do show pela ABC. Essa decisão provocou um debate nacional sobre a liberdade de expressão e a interferência do governo.
Na segunda-feira, a Disney explicou sua decisão de suspender o programa, afirmando que buscava evitar agravar a situação em um momento delicado para o país. A empresa ressaltou que os comentários de Kimmel foram considerados mal-timados e insensíveis. Após diálogos com o apresentador, concluíram que o programa retornaria na terça-feira.
Kimmel planeja abordar a controvérsia em seu monólogo de volta, de acordo com informações de fontes ligadas ao apresentador. A Nexstar, outra importante proprietária de estações que teve um papel importante na suspensão do programa, ainda não se pronunciou sobre se irá retomar a exibição do show, que vai ao ar de noite, às 23h35.
A situação envolvendo Kimmel provocou uma forte reação na indústria do entretenimento, onde ele é respeitado. Seu show emprega de 200 a 250 pessoas. Recentemente, houve protestos organizados em frente aos escritórios da Disney em Nova York e Burbank, além de manifestações em Hollywood.
Antes do anúncio de retorno de Kimmel, mais de 400 artistas, como Tom Hanks, Meryl Streep e Jennifer Aniston, assinaram uma carta aberta em apoio ao apresentador. A diretoria da ACLU comentou que a Disney fez a escolha correta ao reinstalar o programa. O diretor-executivo da organização destacou que a suspensão do programa nunca deveria ter acontecido e chamou atenção para a necessidade de resistir à pressão governamental.
Além disso, legisladores democratas celebraram o retorno da atração, considerando importante para a liberdade de expressão. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, expressaram apoio em redes sociais, ressaltando que essa é uma vitória para a liberdade de expressão.
Carr, que não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários, foi criticado por diversos setores. Anna M. Gomez, a única democrata na FCC, elogiou a coragem da Disney frente à intimidação do governo.
Organizações como a PEN America também se manifestaram, descrevendo o retorno de Kimmel como uma vitória para a liberdade de expressão e ressaltando o impacto que a voz do povo tem ao responsabilizar os poderosos.