Crédito imobiliário para famílias com renda acima de R$ 12 mil

O governo federal lançou uma nova política de crédito imobiliário destinada a famílias de classe média com renda a partir de R$ 12 mil por mês. Essa iniciativa visa atender um grupo que não se encaixa no programa Minha Casa, Minha Vida e tem como objetivo facilitar o acesso ao financiamento de imóveis.
Uma das principais mudanças é o aumento do valor máximo do imóvel que pode ser financiado no Sistema Financeiro de Habitação (SFH). O limite passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Além disso, a Caixa Econômica Federal agora poderá financiar até 80% do valor do imóvel, enquanto anteriormente o teto era de 70%. Isso significa que o comprador precisará investir menos dinheiro de entrada, o que torna a aquisição mais viável para muitos.
Especialistas afirmam que essa alteração pode ser crucial para quem está à procura de uma casa. A expectativa é que com o aumento do teto e a possibilidade de financiamento mais alto, os clientes necessitem dispor de menos recursos próprios no momento da compra.
Outra novidade importante é a imposição de um teto para os juros, que não poderão ultrapassar 12% ao ano. Atualmente, as taxas de juros variam entre 11,3% e 13,5% ao ano, além da aplicação da Taxa Referencial (TR). Essa limitação deve fornecer mais previsibilidade aos consumidores e prevenir aumentos exagerados nas taxas.
Além dessas mudanças, o governo alterará as regras de uso da poupança, que é a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário. At present, 65% dos depósitos em poupança devem ser direcionados a financiamentos habitacionais, e 20% ficam retidos no Banco Central como depósito compulsório. Com a nova política, essa retenção será reduzida para 15%, liberando um montante que equivale a aproximadamente R$ 35 bilhões para financiamento imediato.
Os bancos também poderão usar os recursos da poupança de maneira mais flexível. A cada real emprestado para habitação, o banco poderá liberar o mesmo valor da poupança para outras aplicações por cinco anos, incentivando mais financiamentos imobiliários com juros menores.
Com essas mudanças, quem procura um financiamento na classe média terá acesso a imóveis de maior valor e com parcelas reduzidas, já que a entrada exigida diminuirá e as taxas de juros estarão limitadas.
Antes da nova política, as condições eram as seguintes:
– Limite de R$ 1,5 milhão para financiamento no SFH.
– Entrada mínima de 30%, com a Caixa financiando 70%.
– Juros variando entre 11% e 13,5% ao ano + TR.
– Menor disponibilidade de crédito pela retenção de recursos.
Agora, as novas condições serão:
– Financiamentos de até R$ 2,25 milhões.
– Entrada mínima de 20%, com a Caixa financiando 80%.
– Juros limitados a 12% ao ano.
– Liberação gradual dos recursos da poupança para facilitar o crédito.
Os efeitos dessa nova política deverão ser percebidos gradualmente. Ela ainda precisa de regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central. O governo prevê que o modelo estará totalmente implementado até 2027, mas algumas mudanças, como a liberação dos compulsórios, podem ocorrer antes.
Embora a medida ofereça melhores condições, especialistas alertam que o setor ainda enfrenta desafios, como a diminuição da poupança e a taxa Selic em 15%. Registros recentes mostram saques substanciais da poupança, indicando um movimento que não é inédito.
Durante um evento em São Paulo, autoridades do setor imobiliário ressaltaram a necessidade de discutir modelos de financiamento a longo prazo, considerando a exaustão da poupança. A redução das taxas de juros também foi apontada como crucial para a recuperação do setor, uma vez que taxas altas dificultam o mercado e a competição.