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Mar atinge engorda de Ponta Negra e destrói cerca no Morro do Careca

O mar avançou mais uma vez sobre a praia de Ponta Negra, no Rio Grande do Norte, derrubando a cerca que protegia o Morro do Careca. O fenômeno ocorreu na madrugada de quarta-feira, quando a maré alcançou mais de 2 metros, conforme registrado na Tábua da Maré. Com isso, a água inundou a faixa de areia, se acumulando em pontos críticos.

João Abner, professor aposentado e especialista em Engenharia Ambiental, comentou que o problema é resultado da inclinação negativa causada pela obra de engorda da praia. Ele explica que essa mudança na topografia resultou em um acúmulo de água que se comporta de forma semelhante à água da chuva, que não consegue escoar adequadamente. Para resolver essa questão, ele sugere a criação de canais de escoamento ao longo da praia, com uma largura de 50 metros, distribuídos a cada 400 metros. Ele acredita que isso ajudaria a controlar a velocidade do fluxo de água e evitaria a erosão.

Abner também enfatiza que o problema se agrava em períodos de chuva, pois a falta de um sistema de drenagem eficaz pode causar danos, como crateras e afundamentos nas ruas. Ele critica a falta de acompanhamento de especialistas nas etapas da obra, ressaltando que um planejamento inadequado levou a essa situação atual.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura, por sua vez, atribui o autor a eventos naturais, como a presença da lua cheia e ventos fortes, que contribuíram para o fenômeno. A secretária Shirley Cavalcanti afirmou que a situação é um fenômeno natural que poderá se repetir, sem especificar medidas para corrigir os danos.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) declarou que não recebeu oficialmente a obra de engorda e, portanto, a responsabilidade pela reposição da cerca derrubada recai sobre a Prefeitura de Natal. O órgão observou que a nova cerca foi instalada com materiais diferentes dos utilizados anteriormente.

A engorda da praia de Ponta Negra custou cerca de R$ 100 milhões, mas a obra foi criticada por ter sido realizada sem fiscalização adequada. A Prefeitura obteve a licença para a obra por meio da justiça, mas questionamentos surgiram sobre a legalidade da execução em uma área diferente da inicialmente aprovada. Além disso, a drenagem da área só foi finalizada meses depois do término das obras.

Esses problemas revelam um contexto mais amplo de falhas na gestão pública e fragilidades estruturais que podem afetar a preservação de áreas importantes como a praia de Ponta Negra, que detém valor ambiental e turístico para a região.

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