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Passaporte dos EUA não entra em ranking dos mais fortes pela 1ª vez

O passaporte dos Estados Unidos sofreu uma queda significativa, perdendo duas posições e saindo do grupo dos dez mais poderosos do mundo, segundo o ranking da consultoria Henley & Partners. Na nova edição do Henley Passport Index, revelada em 14 de novembro, o passaporte americano ocupa a 12ª posição, empatado com o da Malásia, e oferece acesso sem visto a 180 dos 227 destinos analisados.

O ranking é liderado por países da Ásia, com Singapura no primeiro lugar, permitindo acesso a 193 destinos. Em seguida estão a Coreia do Sul, com 190 destinos, e o Japão em terceiro, com 189. O índice é elaborado com base em dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e avalia quantos países cada nacionalidade pode visitar sem a necessidade de visto prévio.

A queda do passaporte americano se deve, em parte, a mudanças recentes nas políticas de acesso. Por exemplo, o Brasil acabou com a isenção de vistos em abril, e a China também excluiu os EUA de sua lista de isenções. Além disso, ajustes de outros países, como Papua-Nova Guiné e Mianmar, diminuíram ainda mais as opções de viagem para os americanos. A decisão do Vietnã e da Somália de restringir o acesso contribuiu para a saída dos EUA do grupo dos dez primeiros.

Christian H. Kaelin, criador do índice, apontou que essas pequenas mudanças podem impactar significativamente a posição de um país. Ele comentou que a diminuição da influência do passaporte americano reflete uma transformação na mobilidade global e no equilíbrio de poder.

Além dos EUA, o Reino Unido também experimentou um desempenho negativo, caindo da 6ª para a 8ª posição. Em 2015, o Reino Unido já havia liderado o ranking, mas a situação agora é bem diferente.

Outra pesquisa da consultoria revela que os Estados Unidos ocupam apenas o 77º lugar em termos de abertura a estrangeiros. Somente cidadãos de 46 países conseguem entrar no país sem visto, em contraste com os 180 destinos que os americanos podem visitar.

A diferença entre o acesso a viagens e a reciprocidade é uma das maiores do mundo. O levantamento indica que países com um grande desvio entre acesso e abertura, como os EUA, Austrália e Canadá, estão vendo sua influência na mobilidade global diminuir ao longo da última década.

Annie Pforzheimer, especialista do Center for Strategic and International Studies, relaciona essa queda à postura mais isolacionista dos EUA na política externa. Mesmo antes de um possível segundo mandato de Donald Trump, os Estados Unidos já seguiam um caminho de restrições, o que agora se reflete na diminuição da força do passaporte.

Desde o início de 2025, o governo Trump suspendeu a emissão de vistos para cidadãos de 12 países da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Além disso, impôs restrições a outros sete países e ameaçou proibir cidadãos de até 36 países, em sua maioria africanos. O governo também introduziu taxas elevadas para a concessão de vistos, aumentando o custo do sistema eletrônico de autorização de viagem (ESTA) de US$ 21 para US$ 40.

Enquanto os EUA perdem mobilidade, a China tem avançado. O passaporte chinês subiu do 94º lugar em 2015 para o 64º em 2025, com um aumento de 37 destinos acessíveis sem visto. Além disso, a China agora permite a entrada de 76 nacionalidades sem necessidade de visto, 30 a mais que os Estados Unidos. Recentes acordos com a Rússia e países do Golfo e da América do Sul, incluindo o Brasil, reforçaram essa tendência.

A relação entre o retorno de Trump ao poder e as tensões comerciais também é considerada um fator que afeta a mobilidade americana, enquanto a estratégia de abertura da China amplifica sua influência global.

O declínio do passaporte americano está levando muitos cidadãos a buscar cidadanias alternativas. De acordo com a Henley & Partners, houve um aumento de 67% nos pedidos de residência e cidadania por investimento feitos por americanos até o terceiro trimestre de 2025, o maior crescimento entre todas as nacionalidades.

Dominic Volek, executivo da consultoria, informou que muitos cidadãos dos EUA buscam diversificar suas residências e nacionalidades como forma de reduzir riscos políticos e financeiros. Essa busca por cidadania alternativa reflete mudanças nas percepções sobre segurança e oportunidades globais.

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