Vacinação em queda eleva casos de sarampo na França e EUA em 2025

A diminuição nas taxas de vacinação contra o sarampo tem resultado em um aumento significativo no número de casos e mortes em países desenvolvidos. Dados recentes revelam que, em 2025, os Estados Unidos registraram três mortes pela doença, uma situação alarmante que não acontecia há mais de 30 anos. Na França, foram contabilizadas duas mortes e mais de 820 casos confirmados no mesmo período.

Nos Estados Unidos, a discussão sobre a vacinação ganhou destaque após declarações do ex-presidente Donald Trump e do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., ambos com posicionamentos céticos a respeito das vacinas. Recentemente, o Comitê Consultivo sobre Práticas de Vacinação do país decidiu não recomendar a vacina contra o sarampo para crianças menores de quatro anos. Uma pesquisa divulgada em setembro revelou que uma em cada seis famílias está evitando ou adiando vacinas recomendadas para crianças.

Na França, a situação do sarampo se agravou desde a pandemia de Covid-19, com surtos afetando principalmente bebês, crianças pequenas e jovens adultos que não foram vacinados. De acordo com o infectologista Olivier Épaulard, do Hospital Universitário de Grenoble, o aumento dos casos é resultado direto da queda na cobertura vacinal. Ele lembrou que, em 2010, a falta de imunização desencadeou dezenas de milhares de casos no país, um cenário que poderia ter sido evitado.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa, com capacidade de infecção que pode afetar até 18 pessoas a partir de uma única contaminação. A infecção pode levar a complicações graves, afetando os pulmões e o cérebro, além de apresentar um risco elevado de morte. Estima-se que sem vacinação, o sarampo poderia causar cerca de 330 mortes anuais na França. Para combater essa situação, o governo francês tornou obrigatória, desde 2018, a vacinação contra o sarampo e outras dez doenças para todos os recém-nascidos.

A desconfiança em relação às vacinas também tem raízes históricas. Um estudo falso publicado em 1998 pelo médico britânico Andrew Wakefield, que sem evidências associou a vacina do sarampo ao autismo, teve um forte impacto na opinião pública, especialmente em países anglo-saxões e na França. Embora o estudo tenha sido desmentido, ele ajudou a consolidar a resistência de parte da população em relação às vacinas.

O imunizante contra o sarampo é considerado eficaz, apresentando 95% de eficácia após duas doses. No entanto, não pode ser administrado a pessoas com câncer, doenças crônicas ou que estejam imunossuprimidas, pois utiliza vírus vivo atenuado. Por isso, a vacinação em massa da população saudável é essencial, não apenas para proteger os indivíduos, mas também para evitar a contaminação de grupos mais vulneráveis.

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