Shay Segev, CEO da DAZN, fala sobre o futuro do PPV e competições

A entrada da DAZN no mercado de boxe dos Estados Unidos, em 2018, foi marcada por uma declaração ousada: o pay-per-view estava em extinção. A plataforma de streaming, que anunciou um contrato de direitos de transmissão de US$ 1 bilhão com o promotor de boxe Matchroom, Eddie Hearn, rapidamente se tornou um “disruptor” no setor.
Apesar desse sucesso inicial, a DAZN enfrentou desafios significativos e acabou alterando sua posição. A demanda por eventos de boxe e a insatisfação dos fãs criaram um ambiente em que o modelo de pay-per-view teve que ser reconsiderado. A DAZN percebeu que, sem essa estrutura, suas chances de se estabelecer como a “casa global do boxe” eram limitadas. Assim, a empresa teve que se ajustar às mudanças do mercado e trazer novas ideias.
Uma das inovações da DAZN é a criação de um pacote de assinaturas chamado “The Ring Pass”, em parceria com Turki Alalshikh, uma figura influente na indústria do boxe. Alalshikh havia anunciado que, a partir de 22 de novembro, seus eventos, incluindo “Ring Magazine” e “Riyadh Season”, não estariam mais disponíveis somente sob pagamento adicional na DAZN. Embora o custo do “Ring Pass” ainda não tenha sido divulgado, a expectativa é que ele ajude a resolver algumas das preocupações financeiras dos fãs.
Shay Segev, CEO da DAZN, afirmou que a empresa sempre teve como objetivo tornar o conteúdo de boxe mais acessível e econômico para a audiência. No entanto, a adaptação ao modelo de pay-per-view foi necessária para atender à demanda por eventos importantes. Para Segev, a estrutura tradicional de pay-per-view é vista como limitante para o crescimento do esporte e indesejável para os fãs, o que motivou a decisão de lançar o “Ring Pass”.
Desde que a DAZN entrou no mercado de boxe, diversas emissoras tradicionais, como HBO e Showtime, reduziram sua presença. Outros acordos também se encerraram, como o da Top Rank com a ESPN. Essa falta de concorrência favoreceu a DAZN, que, com a colaboração de promotores que outrora eram rivais, como Hearn e Frank Warren, alcançou um novo patamar de sucesso.
Além disso, o público parece aceitar que serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime, estão se tornando fontes mais comuns de entretenimento. Segev destacou que, ao se afastar de contratos regionais fragmentados, a DAZN busca uma abordagem global mais unificada.
Contudo, a competição aumentou recentemente com a entrada da Netflix no cenário do boxe. Apesar de críticas iniciais, a Netflix tem se recuperado ao transmitir eventos de destaque, incluindo uma luta entre Canelo Alvarez e Terence Crawford, que atraiu 41,4 milhões de espectadores, tornando-se uma das maiores audiências de um combate de boxe dos últimos anos.
Segev reconheceu que essa disputa é saudável e que a entrada da Netflix no mercado simboliza o crescente apelo comercial do boxe. Ele reafirmou o compromisso da DAZN em oferecer uma experiência acessível e centrada no fã.
Com o acordo entre Alalshikh e Dana White, promotor do UFC, para a transmissão de lutas na Netflix, é importante observar como essa parceria pode evoluir nos próximos meses. A influência de Alalshikh na estratégia da DAZN parece aumentar, mas resta saber se eventos futuros, como os da “Ring Magazine” e “Riyadh Season”, serão exibidos exclusivamente na Netflix.