O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou recentemente que as restrições impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não impedirão o Brasil de buscar parcerias internacionais na área da saúde, apesar de poderem causar atrasos. Ele destacou que, embora a circulação de um ministro possa ser limitada, as ideias e a intenção de cooperação não podem ser contidas.
Essas declarações foram feitas durante uma visita ao Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro, onde Padilha participou da inauguração de novas alas. Ele e sua família enfrentaram problemas com vistos devido ao governo Trump. No último mês, os vistos de sua esposa e filha foram cancelados, enquanto o visto de Padilha havia expirado.
Neste mês, durante a 80ª Assembleia Geral da ONU em Nova York, Trump suspendeu a proibição de entrada de Padilha nos Estados Unidos, mas com restrições que limitam seus deslocamentos ao hotel, à sede da ONU e a instalações médicas em emergências. Devido a essas limitações, o ministro decidiu não participar de uma reunião em Washington programada para o dia seguinte.
Padilha informou que tinha agendado encontros em embaixadas, que foram inviabilizados pelas restrições. Apesar dos atrasos, ele reafirmou que as parcerias desejadas continuarão a ser estruturadas, seja no Brasil ou com outros países.
Em relação aos impactos das tarifas impostas por Trump sobre os preços dos medicamentos, o ministro explicou que essas tarifas afetam a indústria exportadora brasileira, particularmente no setor de saúde. O governo federal já está tomando medidas com a ajuda do BNDES para mitigar os efeitos dessas tarifas, incentivando a diversificação de mercados para as indústrias afectadas.
Padilha também mencionou que as dificuldades têm levado ao fortalecimento de parcerias para a produção de medicamentos no Brasil. Ele citou a produção de insulina e a colaboração com empresas americanas na fabricação de vacinas, como a destinada ao vírus sincicial respiratório (VSR), com expectativa de que esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de novembro.
Durante a visita ao hospital, o ministro também demonstrou o uso do Implanon, um implante contraceptivo que será disponibilizado pelo SUS. O programa prevê a oferta de 500 mil unidades até o final do ano e 1,8 milhão até 2026, tudo de forma gratuita, visando atender às necessidades de planejamento familiar das mulheres.
Padilha seguiu sua agenda de visitas a várias instituições de saúde no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense, além do Hospital Federal do Andaraí. A visita marcou a reabertura de diversos serviços na unidade, como o Centro de Tratamento de Queimados e novos serviços de ortopedia. Essas ações fazem parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais, que busca aumentar o atendimento especializado e reduzir os tempos de espera por cirurgias na rede federal de saúde. A recuperação do Hospital do Andaraí contará com investimentos de R$ 600 milhões e tem previsão de finalização das principais obras até o primeiro trimestre de 2026.