Putin confirma que defesa aérea derrubou avião da Embraer

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu pela primeira vez que a queda de um avião Embraer E-190 da Azerbaijan Airlines, que resultou na morte de 38 pessoas no Natal do ano passado, foi causada por danos decorrentes do sistema de defesa aérea russo. Durante um encontro com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, nesta quinta-feira (9), Putin se comprometeu a indenizar as famílias das vítimas e o governo do Azerbaijão.

Putin, no entanto, negou que a aeronave tenha sido atingida por munição russa. Ele explicou que dois mísseis lançados pela defesa aérea estavam interceptando drones ucranianos que atacavam a área. Segundo ele, destroços desses drones causaram danos ao E-190. A investigação revelou que três drones cruzaram a fronteira russa no dia do acidente e que os mísseis disparados não atingiram o avião diretamente, mas explodiram a cerca de 10 metros de distância.

O presidente russo afirmou que todas as compensações necessárias seriam realizadas e que uma avaliação legal sobre o incidente seria feita. O encontro entre Putin e Aliyev ocorreu em Duchambe, no Tadjiquistão, durante uma reunião de líderes de ex-repúblicas soviéticas.

Antes dessa admissão, já havia indícios de que os danos à aeronave poderiam ter sido provocados por ação de baterias antiaéreas, uma hipótese levantada por especialistas logo após o acidente. Peritos azeris e cazaques confirmaram essa teoria, mas a confirmação oficial de Putin só ocorreu agora, o que também implica uma divisão da responsabilidade com a Ucrânia.

O incidente trouxe à tona as relações entre a Rússia e o Azerbaijão, que têm enfrentado tensões nos últimos meses. O Azerbaijão, grande produtor de gás e petróleo, mantém uma forte aliança com a Turquia. A Turquia apoiou o Azerbaijão em conflitos recentes contra a Armênia, desfavorecendo a posição russa na região.

Além disso, a relação da Rússia com a Armênia se deteriorou, especialmente com a atual situação da guerra na Ucrânia e as tensões com o governo armênio, que abriga uma importante base militar russa. Em recentes acordos de paz entre armênios e azeris, mediadores como os Estados Unidos, e não a Rússia, tiveram um papel central.

O encontro de Putin com Aliyev pareceu ser uma tentativa de melhorar as relações entre os dois países, especialmente devido à crescente influência econômica da China na região, que é historicamente dominada pela Rússia. A linguagem corporal entre os líderes durante a reunião foi considerada calorosa, sinalizando um possível amolecimento das críticas do Azerbaijão à Rússia.

Sair da versão mobile