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Novas políticas públicas são necessárias para sistemas agroalimentares.

Participantes de um encontro realizado no Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em Costa Rica, destacaram a necessidade urgente de novas políticas públicas para os sistemas agroalimentares. Essa necessidade surge em um contexto global desafiador, com mudanças geopolíticas, eventos climáticos extremos e questões ecológicas que afetam a produção de alimentos.

O evento, denominado Diálogo Hemisférico, é uma série de discussões que acontece ao longo de dois dias e reúne autoridades, diretores e especialistas de diversas organizações globais, como a Aliança Bioversity-CIAT, o Banco Mundial e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O compromisso é compartilhar experiências bem-sucedidas de políticas públicas que já estão em prática nas Américas e que podem ser replicadas.

Os especialistas enfatizaram a importância de utilizar a ciência na formulação dessas novas políticas. Eles afirmaram que, atualmente, a tecnologia não só permite aumentar a produção, mas também torna o processo produtivo mais sustentável e inclusivo. Um dos principais desafios discutidos foi o enfraquecimento do sistema de comércio multilateral, embora tenham destacado as oportunidades criadas por iniciativas voltadas ao financiamento verde, que surgiram por meio de tratados ambientais.

Na abertura da conferência, Manuel Otero, diretor do IICA, deu boas-vindas aos participantes e ressaltou o papel importante da região na segurança alimentar global, citando que a América Latina e o Caribe respondem por um terço dos alimentos exportados mundialmente. Ele destacou que a situação demanda uma nova abordagem que represente verdadeiramente o setor agropecuário como parte da solução para os desafios atuais.

Durante a primeira sessão de discussão, moderada por Hugo Chavarría, o foco foi entender a necessidade de uma nova geração de políticas públicas. Os especialistas apontaram que, além da produtividade, agora se requer que o setor agropecuário seja também sustentável e inclusivo, aumentando a complexidade do cenário. Apesar disso, foram citadas várias experiências na região que mostram que é possível alcançar esses objetivos.

Uma publicação intitulada “A transição para uma nova geração de políticas públicas para os sistemas agroalimentares” foi lançada como resultado de um trabalho coletivo realizado ao longo de dois anos. Segundo Joaquín Arias, especialista do IICA, o documento revela que 295 milhões de pessoas em 53 países enfrentam insegurança alimentar severa, sendo 19,7 milhões apenas na América Latina e no Caribe.

O estudo propõe a transição de subsídios que geram incentivos inadequados para um sistema de pagamento baseado em resultados mensuráveis. Também menciona a necessidade de reformas na governança para adotar uma abordagem que envolva múltiplos setores e atores.

Héctor Peña, economista do Banco Mundial, discutiu a importância de um aumento nos investimentos em serviços públicos, já que os gastos na região com o agro vêm diminuindo ou se mantido bastante baixos. Ele destacou que manter um diálogo entre os setores público e privado é crucial para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.

Valeria Piñeiro, especialista do IPFRI, acrescentou que o foco não deve ser apenas em produzir mais, mas sim em produzir melhor, ressaltando a importância da inovação em diversos aspectos – político, tecnológico e institucional. Ela propôs que os diversos atores do setor trabalhem juntos para criar uma narrativa coerente que conecte dados e práticas.

Nelson Larrea, da CAF, mencionou o compromisso da instituição em se tornar um banco verde para a América Latina e o Caribe, meta que envolve aumentar a proporção de financiamentos sustentáveis em sua carteira até 2026. O objetivo é investir 8,5 bilhões de dólares no setor agropecuário até 2030.

O papel dos cientistas também foi destacado por Jeimar Tapasco, da Aliança Bioversity-CIAT, que ressaltou a responsabilidade de informar politicamente, e não admitir viés nas análises científicas. Por fim, Martín Piñeiro, ex-diretor do IICA, comentou sobre as férias das dinâmicas geopolíticas no contexto agropecuário, ressaltando o enfraquecimento do multilateralismo e o aumento de acordos bilaterais para regulamentação.

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