Maduro ordena exercícios militares após ataques dos EUA

Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, anunciou na quarta-feira, dia 15, a realização de exercícios militares nas maiores favelas do país. A decisão foi tomada um dia após um novo ataque dos Estados Unidos a um barco próximo à costa venezuelana.
O governo de Maduro considera as ações do presidente americano Donald Trump uma ameaça à paz na região. Na terça-feira, dia 14, o ataque resultou na morte de seis pessoas, elevando para 27 o total de mortos desde o início da campanha de ataques a embarcações, que começou em 2 de setembro.
Em uma gravação divulgada pelo Telegram, Maduro afirmou que pretende ativar toda a força militar, incluindo as polícias, para a defesa popular. Imagens veiculadas pela televisão estatal mostraram veículos blindados em Petare, uma das maiores favelas da Venezuela, que faz parte da região metropolitana de Caracas. A mobilização militar abrange também o estado de Miranda, onde residem cerca de 7 milhões de pessoas.
Diosdado Cabello, ministro do Interior e um dos principais aliados de Maduro, disse que esses exercícios são parte de uma “ofensiva permanente” contra o que ele chamou de cerco e agressão por parte dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos enviaram navios de guerra ao Caribe sob a alegação de realizar operações contra o tráfico de drogas. Segundo o governo americano, os barcos atacados estão ligados à facção Tren de Aragua, que o governo Trump classifica como uma organização terrorista internacional.
Washington também acusa Maduro de ter vínculos com o narcotráfico e ofereceu uma recompensa de 50 milhões de dólares pela sua captura. De acordo com Trump, Maduro seria o líder de um grupo chamado Cartel de los Soles, que especialistas negam existir.
Estudiosos apontam que o Caribe não é a principal rota de tráfico de drogas em direção aos Estados Unidos, representando apenas cerca de 10% da cocaína que chega ao país. Este cenário é comumente associado ao fentanil, responsável por um elevado número de mortes por overdose nos Estados Unidos, mas a quantidade vinda dessa região é considerada mínima.
Em resposta às acusações, Maduro afirmou que elas servem como pretexto para justificar qualquer tipo de intervenção militar em seu país.