Líderes da Igreja LDS envelhecem e enfrentam risco de demência

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma das principais tradições religiosas no Ocidente dos Estados Unidos, adota uma política de liderança vitalícia para seu líder máximo. Isso faz com que a presença de autoridades idosas seja uma realidade constante na organização, uma vez que se espera que os líderes sirvam até o fim de suas vidas.

Na semana passada, Dallin H. Oaks, de 93 anos, assumiu o cargo de 18º profeta-presidente da igreja, sucedendo Russell M. Nelson, que faleceu em 27 de setembro, aos 101 anos. Assim como Nelson, Oaks deverá continuar no cargo até o seu falecimento. Seu conselheiro principal, Henry B. Eyring, tem 92 anos, enquanto o segundo conselheiro, D. Todd Christofferson, possui 80 anos, sendo um dos quatro apóstolos na faixa dos 80 anos.

Tal situação, em que líderes mais velhos ocupam posições de destaque, levanta questões sobre a eficácia da liderança. Por um lado, pode haver um acúmulo de sabedoria e experiência, por outro, a capacidade de tomar decisões e se conectar com as gerações mais jovens pode ser prejudicada. A igreja tem atualmente 17,5 milhões de membros em todo o mundo, e a discussão sobre a modernização da liderança é pertinente.

Historiógrafos como Gregory Prince analisaram as implicações dessa política de liderança vitalícia. Ele observa que, com o passar do tempo, a média de idade dos líderes tem aumentado, e isso pode impactar a eficiência da gestão. Historicamente, a realização de conferências gerais, onde líderes se dirigem aos membros, mostrava que antes de 1960 os líderes não costumavam faltar. Isso mudou na década de 1960, quando David O. McKay, presidente da igreja na época, já não conseguia participar ativamente. Seus filhos frequentemente liam suas palestras em seu lugar, mostrando a influência da idade e da saúde sobre o poder de liderança.

A questão central é até que ponto a experiência de líderes mais velhos compensa a diminuição da capacidade de ação. Embora muitos acreditem que a sabedoria traz benefícios, há momentos críticos em que a saúde dos presidentes poderia ter afetado diretamente decisões importantes da igreja. Crises enfrentadas por líderes como McKay e outros foram apontadas como resultado de sua saúde debilitada, o que gerou crises em momentos decisivos da história da igreja, como a política de exclusão de membros negros.

É importante notar que a prática de líderes atuarem até a morte não é uma doutrina formal, mas sim um costume estabelecido ao longo da história. Em momentos de significativa mudança, como sob a liderança de Harold B. Lee, a estrutura de poder da igreja começou a ser adaptada, transferindo algumas responsabilidades do presidente para o Quorum dos Doze Apóstolos.

Enquanto alguns defendem que a escolha de apóstolos mais jovens pode resultar em presidentes mais jovens, a realidade é que muitos líderes precisam “sobreviver” a outros membros mais velhos do clero para alcançar o cargo de presidente. Essas discussões continuam a surgir, levando à reflexão sobre se a igreja deveria considerar um sistema que estabelecesse um limite de idade para o serviço, como a condição de status emergente a partir dos 75 anos.

A adoção de mudanças significativas na liderança da igreja exigiria um presidente em plenas capacidades, disposto a dar o exemplo e implementar reformas. Essa combinação de cuidado com as tradições e a necessidade de inovação será central para determinar o futuro da organização e sua conexão com as novas gerações.

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