Trump anuncia tarifa de 100% que impacta os mercados

Os mercados globais enfrentaram quedas significativas após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que haverá uma nova tarifa de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro. Essa nova tarifa se soma aos 30% que já estão em vigor. Essa movimentação indica o reacirramento da guerra comercial entre os EUA e a China, que havia diminuído desde maio, quando os dois países começaram a conversar e reduzir tarifas.
O anúncio foi feito em resposta à decisão da China de restringir a exportação de terras raras, que são minerais essenciais para a indústria de tecnologia e defesa. Trump, insatisfeito com essa ação, também decidiu cancelar uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping, que ocorreria neste mês na Coreia do Sul. Além disso, o presidente americano prometeu implementar novos controles sobre a exportação de softwares críticos.
Essas decisões elevaram a instabilidade nos mercados financeiros. Os principais índices da bolsa americana apresentaram resultados negativos significativos: o Dow Jones caiu 1,9%, o índice S&P 500 recuou 2,7% e o Nasdaq perdeu 3,5%. A moeda americana (dólar) e os rendimentos dos títulos do Tesouro também diminuíram, com muitos investidores buscando segurança em ativos mais estáveis, como ouro e prata.
A disputa comercial entre Estados Unidos e China começou em 2018, quando Trump decidiu aplicar várias tarifas na esperança de forçar a China a reduzir subsídios e abrir seu mercado. Após um período de escalada, um acordo parcial foi alcançado em 2024, com ambas as partes reduzindo tarifas e recomeçando diálogos. Contudo, a situação começou a se deteriorar novamente neste ano, especialmente após a decisão da China de limitar a exportação de terras raras. Essa medida foi vista por Washington como uma retaliação às restrições que os EUA impuseram a empresas chinesas de semicondutores e inteligência artificial.
As razões por trás desse conflito são complexas. Para os Estados Unidos, a disputa visa alcançar um equilíbrio no comércio e proteger a indústria local. Por outro lado, a China vê as ações americanas como um esforço para conter seu progresso tecnológico e político.
Analistas do JPMorgan afirmaram que a nova rodada de tarifas causou uma correção significativa nos ativos de risco, interrompendo as expectativas de uma trégua comercial. A situação interna dos EUA também é preocupante, já que o governo enfrenta um fechamento parcial e impasses orçamentários, o que aumenta a incerteza econômica.
O Goldman Sachs comentou que essa reascensão das preocupações referentes a tarifas pode aumentar a volatilidade nos mercados, afetando estratégias de investimento que se baseiam em estabilidade. A falta de dados econômicos oficiais, devido à paralisação do governo americano, torna a situação ainda mais incerta.
Para o Morgan Stanley, a reação de Trump representa um choque inesperado após um período de relativa calma. O analista Stephen Byrd alertou que a segurança nacional continuará a ser um tema central na política econômica dos EUA, influenciando decisões relacionadas à tecnologia, comércio e investimentos.
Essas novas tarifas aumentam o risco de retrocesso no comércio internacional, afetando diversas cadeias produtivas, especialmente no setor de tecnologia, que depende de insumos chineses. Custos mais altos para empresas dos Estados Unidos podem elevar os preços ao consumidor e dificultar o controle da inflação. Caso a China responda com retaliações, exportadores agrícolas e industriais dos EUA também podem ser impactados.
A situação permanece delicada e a disputa entre os dois países continua a ser um dos principais fatores de risco para a economia global, com repercussões que podem se estender ao Brasil e outros mercados ao redor do mundo.




