O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, conhecido como Inep, lançou recentemente a Cartilha da Redação, que traz orientações importantes para os estudantes que irão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Um dos principais destaques da cartilha é a introdução dos “repertórios de bolso”, também chamados de “repertório coringa”.
Esses repertórios se referem a referências rápidas e memoráveis que os candidatos podem usar de forma genérica, mas sem uma conexão real com o tema proposto. O Inep afirma que essas referências devem ser mais do que apenas formulários decorados; elas precisam demonstrar um entendimento profundo da questão abordada na redação.
Em 2024, apenas 12 estudantes alcançaram nota máxima de mil pontos na redação, um número bastante inferior ao de 60 estudantes que alcançaram essa pontuação em 2023. Essa queda foi percebida por professores, que notaram que a banca corretora parecia estar mais atenta a esses modelos “prontos”. Isso resultou em penalizações na nota, mesmo sem mudança nas competências avaliadas.
A nova cartilha esclarece que a segunda competência do Enem exige que os participantes utilizem repertórios socioculturais que estejam genuinamente relacionados ao tema. Esses repertórios precisam ser pertinentes, bem contextualizados e articulados com os argumentos apresentados. O Inep alerta que, caso o avaliador perceba que o repertório foi inserido de forma automática ou decorada, isso pode prejudicar a nota do estudante.
Um exemplo de repertório considerado “de bolso” é uma referência à obra “Utopia”, de Thomas More, no contexto do tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O documento do Inep enfatiza que esse tipo de citação é superficial e não demonstra um entendimento profundo do assunto, o que dificulta a pontuação.
A cartilha também orienta sobre como utilizar repertórios de forma mais eficaz. É necessário que o estudante escolha referências que realmente se relacionem com o tema e as articule com suas próprias ideias. Um uso produtivo de repertórios mostra que o candidato compreende o assunto e a dinâmica do debate.
Um exemplo de referência bem utilizada é a menção ao romance “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis. Esta obra é citada como um exemplo fundamental na valorização da herança africana, já que ela denuncia a brutalidade da escravização e oferece uma representação rica e não estereotipada de personagens negros.
Além disso, o Inep destaca que repertórios podem vir de várias fontes, incluindo filmes, músicas, podcasts e documentários, que são parte do conhecimento acumulado ao longo da vida. Essa abordagem sugere que é possível construir repertórios originais e autênticos por meio das experiências pessoais, ao invés de apenas decorar informações.
A Cartilha da Redação tem como objetivo auxiliar os estudantes a se prepararem melhor para a prova, incentivando o uso de referências relevantes e bem contextualizadas, que aumentem a qualidade dos textos e, consequentemente, a possibilidade de uma boa pontuação.
