Personagem Perturbador de Mindhunter: O Principal Wade
A série Mindhunter, que retrata a origem da criminologia e do perfil criminal, é conhecida por apresentar personagens sombrios, muitos deles assassinos em série. Entre eles, um se destacou como particularmente perturbador: o Principal Wade.
Na primeira temporada de Mindhunter, o personagem Holden Ford, interpretado por Jonathan Groff, visita uma escola para discutir comportamentos inquietantes. Ele se depara com o Principal Wade, que atua como um educador aparentemente inofensivo, mas logo se revela uma figura problemática. Durante uma conversa com uma professora, Holden é alertado sobre o comportamento inquietante do principal, que tinha o hábito de ficar “fazendo cócegas” nos alunos, mesmo com denúncias de que isso se tornou um padrão inaceitável.
O principal agia de forma intrigante ao pagar crianças para que elas permitissem que ele fizesse cócegas em seus pés. Enquanto alguns pais e professores conseguiam ver um aspecto lúdico na situação, outros, como Debbie, sentiam que havia algo extremamente errado. Essa situação gerou discussões sobre como comportamentos inapropriados podem ser ignorados ou minimizados, resultando em um ambiente escuro e nocivo.
O personagem Wade, baseado em uma figura real da vida de John Douglas, um dos autores do livro que inspirou a série, se torna cada vez mais sinistro à medida que a trama avança. Ele se afastava da polícia e parecia não apresentar remorso por suas ações. Este comportamento fez com que sua figura fosse considerada mais aterradora que alguns dos assassinos já capturados apresentados na série, reforçando a ideia de que o perigo pode estar próximo e, muitas vezes, camuflado.
A Perspectiva do Passado sobre o Comportamento de Wade
O enredo envolvendo o Principal Wade reflete uma época em que o entendimento sobre a pedofilia e o comportamento predatório era limitado. Na década de 1970, muitos viam as ações de Wade como incomuns, mas não como uma forma de comportamento abusivo. Muitas das interações entre a equipe de Holden e os professores e pais da escola exemplificam essa lacuna de entendimento. A expressão “grooming”, usada para caracterizar comportamentos que visam manipular crianças para abuso, ainda não era compreendida no tempo em que a história se passa.
Um dos pontos altos é quando Holden tenta mostrar a Bill, seu parceiro, que ele próprio não se sentiria confortável com Wade se aproximando de seu filho. Essa cena faz com que o público reflita sobre como muitas pessoas não percebem o perigo até que isso afetem suas próprias vidas.
Desfecho Ambíguo e Alarmante
O arco narrativo do Principal Wade não recebe um fechamento claro. Após ser demitido, ele permanece na comunidade, o que levanta preocupações sobre o que ele faria a seguir. A situação culmina em uma cena em que a esposa de Wade confronta Holden, gerando uma tensão palpável, e deixando em aberto a possibilidade de que ele continue a buscar novas vítimas.
Na realidade dos anos 70, a reintegração social de pessoas em situações como a de Wade era mais fácil. O desfecho ambíguo serve como um lembrete de que comportamentos perturbadores podem se esconder sob uma aparência de normalidade. A série Mindhunter, com sua complexidade e profundidade nas narrativas, não hesita em provocar reflexões sobre a natureza humana e as sombras que podem se ocultar nas relações sociais.
