A transformação digital trouxe mudanças significativas à maneira como as pessoas vivem e trabalham. No entanto, esse novo cenário também facilita a atuação de criminosos. O Brasil enfrenta um aumento alarmante nas fraudes digitais. De acordo com dados revelados, a cada minuto, quatro brasileiros são vítimas de golpes nesse contexto.
No primeiro semestre de 2025, foram registrados 1,3 milhão de casos de fraudes financeiras, um aumento de 12% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse levantamento foi feito pela empresa Quod, que analisou dados do Repositório Unificado de Fraudes. Dentre os crimes, as chamadas “contas laranja”, que são abertas com documentos falsos ou emprestados, apresentaram um aumento de 38%. Já as fraudes por engenharia social, que envolvem manipulação psicológica para obter informações pessoais, tiveram um crescimento de 29,5%. Por outro lado, as fraudes transacionais, como cobranças indevidas em cartões ou transferências via Pix, diminuíram em 3,8%.
Os especialistas apontam que a combinação de ferramentas digitais, inteligência artificial e fácil acesso a dados torna esses golpes mais difíceis de identificar e rápidos de executar. A conscientização e a educação financeira, portanto, são fundamentais para ajudar as pessoas a se protegerem. Quando as pessoas compreendem como o sistema funciona, conseguem identificar práticas suspeitas mais rapidamente.
Um tipo comum de fraude é a “conta laranja”. Essa conta pode ser aberta com documentos falsificados ou ser emprestada por outra pessoa para receber dinheiro de fraudes. Quem fornece documentos ou conta para esses fins pode ser responsabilizado por crimes sérios, como estelionato e lavagem de dinheiro. Existem dois tipos de “contas laranja”: uma é a conta legítima, que começa regular e depois é usada de forma ilícita; a outra é a conta que já é criada com documentos falsos desde o início.
Para evitar esses problemas, os cidadãos devem ficar alerta e monitorar suas contas. Uma dica é acessar o Registrato, uma plataforma do Banco Central que permite verificar todas as contas em seu nome. Caso você receba cobranças indevidas, isso pode ser um sinal de que seus documentos estão sendo utilizados de forma irregular.
Uma nova medida, que entrará em vigor a partir de 13 de outubro, obriga instituições financeiras a bloquear e recusar transações para contas suspeitas de fraudes. Essa regra faz parte da Resolução 501 do Banco Central e exige que o mercado desenvolva métodos mais eficazes para detectar e prevenir fraudes, utilizando tecnologias avançadas e análise de dados.
Além disso, a segurança dos dados pessoais é essencial para manter a segurança financeira e legal. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) promove a campanha “Tem Cara de Golpe”, que alerta sobre a importância de não ceder documentos, compartilhar senhas ou acreditar em propostas de dinheiro fácil.
O setor bancário também está se mobilizando. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que as instituições devem investir R$ 48 bilhões em tecnologia em 2025, um aumento de 13,5% em relação ao ano anterior, focando em segurança e eficiência nos serviços.
Outra novidade está prevista para dezembro, quando o Mecanismo Especial de Devolução (MED) receberá atualizações. Com isso, os cidadãos poderão bloquear a abertura de contas em seus nomes. Uma nova versão, chamada MED 2.0, será lançada em fevereiro de 2026, com a intenção de ajudar na recuperação de valores em casos de fraude.
Para se proteger contra fraudes digitais, é importante seguir algumas orientações: não aceite propostas para abrir ou ceder contas em troca de dinheiro, não compartilhe senhas ou códigos, desconfie de anúncios que prometem dinheiro fácil e use o Registrato para monitorar contas e empréstimos associados ao seu nome. Se você suspeitar que seus dados foram usados de maneira indevida, deve registrar um boletim de ocorrência e comunicar seu banco imediatamente.
Informações adicionais sobre os tipos de golpes e formas de prevenção podem ser encontradas no site temcaradegolpe.com.br.
