Últimas notícias

Como a manipulação de notícias alimenta o ódio?

Um exemplo marcante da disseminação de notícias falsas ocorreu na Rússia czarista, com a divulgação de um documento chamado “Os Protocolos dos Sábios de Sião”. Esse material atribuía aos judeus a responsabilidade por vários problemas econômicos e políticos do império, levando à perseguição do povo judaico, que sofreu com massacres e destruição de aldeias.

O nazismo também utilizou táticas semelhantes ao considerar judeus, comunistas, negros e ciganos como inimigos da nação. Durante o governo de Getúlio Vargas, foi elaborado o Plano Cohen, que tinha o objetivo de prender, expulsar e até eliminar comunistas, judeus e anarquistas, justificando assim a suspensão de direitos constitucionais. Esses exemplos mostram como a manipulação de fatos pode criar um clima de ódio e perseguição, até que a verdade venha à tona.

Recentemente, as discussões sobre os votos do Supremo Tribunal Federal (STF) em um julgamento que condenou o ex-presidente e alguns ministros militares pela tentativa de golpe contra as eleições que elegeram Lula trouxeram à tona a análise dos votos. Quatro ministros confirmaram a condenação de Bolsonaro, enquanto o voto do ministro Luiz Fux se destacou por apresentar uma visão diferente.

A análise do voto de Fux por um jornalista trouxe à luz aspectos históricos e culturais que supostamente influenciariam sua decisão, destacando suas raízes na cultura judaica. Segundo o texto, Fux teve uma formação comunitária desde a infância, estudando em instituições que valorizavam essa cultura.

Contudo, a biografia de Fux revela que ele estudou no Colégio Liessin apenas durante o ensino fundamental e que sua formação continuou em escolas públicas, já que começou a trabalhar cedo. Embora o Colégio Liessin tenha uma tradição judaica, essa não é a única característica que perpassa a educacão do ministro, já que outras instituições possuem fundamentos religiosos diversos.

O autor do texto também menciona que Fux é descendente de judeus romenos que fugiram do nazismo e estabelece conexões políticas com sua árvore genealógica, no entanto, esses aspectos geram confusão quanto às origens geográficas de sua família. A narrativa sugere que a história familiar de Fux sempre foi associada a uma estabilidade financeira que não é exatamente representativa da realidade de seus avós, que viviam de forma modesta e ajudavam a comunidade.

Essas considerações levantam questões sobre a relevância da origem étnica na política. Há uma reflexão sobre como a identidade pode influenciar decisões políticas e se é apropriado investigar a ascendência de um ministro para tentar explicar seu voto.

Neste momento delicado da política brasileira, com um aumento do antissemitismo, é preocupante observar textos que tentam explorar a origem judaica do voto de um ministro do STF, desviando o foco do conteúdo substantivo de suas decisões.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × 4 =

Botão Voltar ao topo