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Caso Susan Lorincz: família de Ajike Owens busca esperança em meio à dor

Após a condenação de Susan Lorincz, a mulher que atirou e matou sua vizinha negra, Ajike “AJ” Owens, em um desentendimento sobre as crianças de Owens brincando perto de sua casa, a mãe da vítima, Pamela Dias, expressou que sua família pode começar a se curar. Lorincz recebeu uma sentença de 25 anos de prisão na Flórida.

Pamela disse que, agora, o caminho para a cura verdadeira se torna possível. No entanto, ela reconheceu que o processo de cura não tem sido fácil. Num país onde a violência armada é uma realidade constante, incluindo conflitos pessoais que escalam e situações de racismo, a família de Owens busca fomentar a própria cura. Eles se dedicam a apoiar outras vítimas através de campanhas de arrecadação, pressionando pela mudança de leis relacionadas ao controle de armas e defendendo a justiça racial.

Pamela ressaltou que nenhuma sentença ou veredicto pode restaurar completamente a paz ou a responsabilidade pelo que foi tirado de sua família. O foco permanece em honrar o legado da filha através da busca por justiça e cuidado comunitário.

Ajike Owens foi morta em 2 de junho de 2023, depois de bater à porta de Lorincz. As crianças de Owens, que estavam brincando, relataram que a vizinha havia jogado um par de patins. Lorincz chamou a polícia e, em seguida, disparou um tiro através da porta, matando Owens, alegando que tinha medo por sua vida. Um júri a considerou culpada de homicídio culposo.

No tribunal, Lorincz se desculpou, afirmando que nunca teve a intenção de tirar a vida de Owens. Essa tragédia gerou a criação de uma entidade sem fins lucrativos chamada Standing in the Gap Fund, iniciada por Pamela e a irmã mais velha da melhor amiga de Ajike. O objetivo da fundação é apoiar famílias afetadas pela violência armada e racial, além de lutar por mudanças legislativas.

A cofundadora do fundo, Takema Robinson, explicou que a iniciativa começou como uma resposta a uma tragédia inominável, mas se transformou em um movimento por justiça e cura. O grupo também oferece subsídios rápidos a famílias após ataques armados e defende a contestação de leis como a “Stand Your Ground”, que permitem que pessoas usem força letal em situações que considerem de defesa pessoal, sem medo de serem processadas.

Robinson destacou que a fundação não está apenas respondendo à violência, mas também ajudando as comunidades a repensar segurança e pertencimento. Eles investem em artes e narrativas como ferramentas para a justiça e cura, com a meta de começar a conceder subsídios a famílias e organizadores políticos até 2027.

Pamela enfatiza que a fundação nasceu da necessidade de transformar a dor em ação. Segundo ela, apoiar este fundo não se trata apenas de caridade, mas de cuidar da comunidade. Também é uma forma de garantir que ninguém enfrente suas dores sozinho.

Para Pamela, honrar a memória da filha e ajudar a sua família também significa apoiar outras pessoas, já que a violência armada continua a ceifar vidas nos Estados Unidos. Até agora, mais de 11 mil pessoas foram mortas por armas de fogo este ano.

A morte de Ajike, aos 35 anos, traz à tona outras mortes trágicas de pessoas negras em situações de mal-entendidos, como os casos de Ahmaud Arbery e Trayvon Martin. Dias acredita que a cura em sua família é um processo contínuo e que a história de sua filha faz parte de uma realidade mais ampla de adoração à vida.

Pamela espera que sua filha saiba que sua vida continua a inspirar ações e cuidados comunitários, e que seu nome agora está associado a mudanças. Ela recorda conversas com Ajike sobre o futuro e relata que a filha sempre sonhou em ser reconhecida pelo mundo.

Todos têm o direito de viver, amar e sentir-se seguros em suas comunidades, diz Pamela, destacando que sua filha era uma mãe dedicada, cheia de vida e comprometida com o bem-estar de seus quatro filhos. Após a perda da mãe, a vida das crianças não tem sido fácil. No entanto, elas demonstraram força e resiliência que surpreendem Pamela.

Ela observa que os valores de Ajike, como bondade e fé, foram passados às crianças, mostrando que elas carregam um pedaço da mãe onde quer que vão. Para Pamela, o legado de sua filha é fundamental, e ela acredita que a mensagem principal é que, quando estamos juntos, conseguimos curar juntos.

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