Câmera registra PMs do Bope em furto no Alemão

Vídeos de câmeras corporais acopladas ao uniforme de policiais do Bope, o batalhão de operações especiais do Rio de Janeiro, mostraram oito agentes revistando uma residência no Complexo do Alemão e levando itens pessoais durante uma operação realizada no dia 15 de janeiro deste ano.

As gravações capturaram os policiais abrindo gavetas e armários, testando perfumes, examinando roupas de marcas conhecidas e separando tênis. Neles, os agentes comentam sobre os objetos que encontram. Um deles menciona que a caixa de som JBL seria uma boa adição, enquanto outro destaca o valor elevado de certos tênis e elogia seu design. Em um momento, um policial se pergunta se tem algum licor disponível e, de maneira descontraída, a equipe conversava sobre a possibilidade de encontrar um videogame Playstation, com um deles respondendo que também estava interessado.

A Corregedoria da Polícia Militar avaliou as gravações e concluiu a investigação, enviando o caso à Promotoria militar em 30 de janeiro. Os agentes envolvidos foram afastados do serviço nas ruas e estão exercendo atividades administrativas. Em uma nota, a Polícia Militar declarou que não tolera desvios de conduta e que os policiais seriam punidos severamente.

Essa operação, conhecida como Operação Caixinha, tinha como foco desmantelar a estrutura financeira do crime organizado, especificamente do Comando Vermelho, e tinha como alvo Fhillip Gregório da Silva, conhecido como “Professor”, que era suspeito de tráfico de drogas e fornecimento de armas para a facção. Infelizmente, ele faleceu meses depois da operação.

A partir de janeiro de 2024, o Bope passou a ser obrigado a utilizar câmeras corporais em suas fardas, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O governador Cláudio Castro, na época, tentou contestar essa decisão, argumentando que as câmeras poderiam revelar táticas e técnicas da polícia para os criminosos. Atualmente, cerca de 13 mil câmeras estão em operação, registrando continuamente as atividades policiais.

No entanto, boletins internos da Polícia Militar, publicados em 2024, indicaram alguns casos de uso inadequado das câmeras. Um policial foi flagrado colocando a câmera no banco de trás da viatura durante uma investigação sobre tráfico de drogas. Em outra situação, uma troca de tiros não foi registrada adequadamente porque a câmera não estava gravando durante a abordagem ao suspeito.

Outros problemas envolvidos incluem policiais posicionando as câmeras de forma errada, filmando apenas paredes e tetos, ou não ativando o modo ocorrência, que permite a gravação ser salva por um período mais longo.

A primeira denúncia relacionada ao uso das câmeras como prova surgiu de um caso de suposta tortura cometido por um sargento da PM em Campos dos Goytacazes. Ele teria agredido um suspeito de roubo. Nesta situação, o policial tentou desativar a câmera, mas o áudio da agressão foi capturado.

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