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Bolívia realiza primeiro segundo turno na eleição presidencial

Mais de 7,5 milhões de bolivianos estão convocados para votar neste domingo, 19 de outubro, noSegundo Turno das eleições presidenciais. Esta é a primeira vez que o país realiza um segundo turno, o que marca um momento significativo na história política da Bolívia, especialmente porque representa o fim de quase 20 anos de governo do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado pelo ex-presidente Evo Morales.

O pleito deste domingo será disputado entre Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Liberdade e Democracia. Rodrigo Paz surpreendeu ao conquistar 32,02% dos votos no primeiro turno, enquanto Quiroga obteve 26,70%. Ambos os candidatos são da direita, mas apresentam propostas diferentes para lidar com os desafios que o país enfrenta após anos de governo do MAS.

Jorge Quiroga, de 65 anos, já foi presidente entre 2001 e 2002, após a renúncia do ditador Hugo Banzer. Ele propõe a contratação de um empréstimo imediato do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de outras instituições para resolver a crise da falta de divisas. Quer também reduzir o número de instituições do governo e sugere um esquema de “propriedade popular” em que ações de empresas estaduais seriam distribuídas entre todos os bolivianos, com a expectativa de que recebam dividendos.

Rodrigo Paz, de 58 anos, é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora e atualmente é senador. Ele se autodeclara um candidato de centro e propõe um modelo de “capitalismo para todos”. No seu plano de governo, está previsto o congelamento de atividades de empresas estatais que estão dando prejuízo e a restrição de contratações públicas.

Pesquisas recentes indicam que Quiroga é o favorito para vencer a eleição. Uma pesquisa divulgada pela Ipsos-Ciesmori mostra Quiroga com 47% das intenções de voto, enquanto Paz tem 39,3%. Outros 5,5% dos eleitores ainda estão indecisos, 3,5% pretendem votar em branco e 4,7% devem anular o voto. Uma pesquisa da Captura Consulting também coloca Quiroga à frente, com 42,9%, enquanto Paz aparece com 38,7%.

A eleição será um grande desafio para o próximo presidente, que precisará agir em um cenário econômico complicado. O país enfrentou sua primeira recessão em quase quatro décadas, com uma queda de 2,4% no crescimento no primeiro semestre do ano. A produção de gás, crucial para a economia boliviana, registrou uma queda significativa, resultando em uma grave escassez de dólares. Este problema afeta os preços dos produtos e o abastecimento de combustíveis, levando a longas filas em postos de gasolina e diesel.

As filas se tornaram parte da rotina dos bolivianos, e motoristas costumam passar dias esperando para abastecer. Essa situação também levantou preocupações sobre a logística para as eleições, embora o governo tenha garantido que haverá combustível suficiente para a votação. Entretanto, a escassez de combustíveis impacta setores essenciais, como a agricultura, e a Câmara Agropecuária do Oriente já alertou sobre os riscos de paralisação na produção.

A inflação também preocupa. Em setembro, a taxa anual chegou a 23,32%. Especialistas alertam que o novo presidente terá que tomar decisões difíceis, que podem não ser populares, para enfrentar a crise econômica. Existe a necessidade de flexibilizar a taxa de câmbio e isso pode levar a aumentos nos preços e uma crise social profunda.

As eleições na Bolívia ocorrem das 8h às 16h no horário local. Os eleitores usarão cédulas de papel para registrar seus votos e as contagens serão feitas manualmente pelos mesários. Os resultados preliminares devem ser divulgados ainda no dia da votação, com os primeiros dados saindo por volta das 21h, no horário de Brasília.

O processo eleitoral será monitorado de perto para garantir que ocorra de forma tranquila e eficaz.

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