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Benim, país africano com traços brasileiros, mira Copa 2026

A Copa do Mundo 2026 pode marcar um momento histórico para a seleção do Benim, que busca uma vaga no torneio pela primeira vez. O time, conhecido como os Cheetahs, joga nesta terça-feira, 14 de novembro, às 13h, contra a Nigéria, em Uyo. Vencer essa partida é essencial para garantir a classificação.

Um dos jogadores em destaque é Sessi D’Almeida, refletindo a conexão histórica entre o Benim e o Brasil. No final do século XIX, muitos africanos, após serem libertados, decidiram retornar à sua terra natal. Eles desembarcaram em Ouidah, um dos principais portos de onde partiram escravizados rumo ao Brasil. O impacto dessa influência cultural é visível em Porto Novo, cidade que apresenta semelhanças com Salvador, tanto na sua arquitetura quanto nas pinturas que adornam suas paredes.

A influência brasileira também se faz presente na Grande Mesquita de Porto Novo. Os retornados, que haviam sido convertidos ao catolicismo no Brasil, optaram por abraçar o Islã ao voltarem para o Benim. Essa transição religiosa trouxe desafios, pois os conhecimentos de construção que adquiriram no Brasil, voltados para igrejas, foram aplicados na edificação de templos islâmicos.

A seleção beninense é comandada por Gernot Rohr, um técnico alemão de 72 anos, que jogou ao lado de grandes ídolos do futebol, como Beckenbauer e Gerd Muller, no Bayern de Munique nos anos 1970. Sua experiência inclui passagens por seleções africanas, como as do Níger e Gabão, e ele assumiu a equipe do Benim no início de 2023. Se conseguir levar a seleção à Copa, será uma conquista significativa, já que o Benim não é tradicionalmente considerado um time de elite no continente.

O elenco é composto principalmente por jogadores que atuam em ligas menores na Europa e em clubes de países africanos como Nigéria e Marrocos. O atacante Andréas Hountondji, que joga pelo St. Pauli na Alemanha, é o destaque da equipe. Seu irmão, o zagueiro Cèdric, brilha no futebol turco, e D’Almeida é outra referência, atuando na liga do Azerbaijão.

Caso o Benim se classifique, será a seleção com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo a competir na Copa. O IDH é um indicador que considera a qualidade de vida, integrando aspectos como educação, renda e saúde. O Benim ocupa a 173ª posição entre 193 países nesse ranking, refletindo condições de vida difíceis, onde cerca de 70% da população trabalha na agricultura e quase 40% vive abaixo da linha da pobreza.

Essa realidade é, em grande parte, uma herança do tráfico humano entre os séculos XVI e XIX, período em que mais de 4 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil. Estima-se que cerca de um quarto dessa população partiu de Ouidah. Enquanto algumas pessoas retornaram ao Benim, elas trouxeram consigo elementos culturais que ainda marcam a identidade local. A Copa de 2026 pode ser uma oportunidade para conectar essas histórias que atravessam o Atlântico.

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