Nos últimos meses, o governo britânico tem intensificado sua pressão sobre a Apple para que a empresa forneça acesso aos backups criptografados de usuários no Reino Unido. De acordo com o jornal Financial Times, a mais recente demanda foi registrada no início de setembro. Esta estratégia do Reino Unido visa garantir que as agências de segurança possam acessar dados armazenados na nuvem, mesmo quando criptografados, para fins de investigação.
A exigência imposta pelo Ministério do Interior britânico envolve a criação de um backdoor, ou porta dos fundos, que permitiria contornar a criptografia dos dados dos usuários britânicos da plataforma iCloud, da Apple. O governo quer ter a capacidade de verificar materiais protegidos por criptografia, algo que a Apple consistentemente se nega a fazer. A empresa americana se posiciona firmemente contra a medida, declarando que não criará brechas que comprometem a segurança e a privacidade de seus clientes: “Nunca o faremos”.
A posição da Apple se baseia na preocupação de que a introdução de um backdoor criaria vulnerabilidades não só para os usuários britânicos, mas afetaria também a segurança de usuários de outras regiões. Isso porque uma vez estabelecida a brecha, qualquer parte mal-intencionada ou agente externo poderia tentar explorar essa vulnerabilidade, desestabilizando os sistemas de segurança estabelecidos pela empresa.
Historicamente, a insistência do Reino Unido em acessar dados criptografados da Apple é um tema recorrente. No começo deste ano, o país solicitou que a Apple facilitasse o acesso aos dados globais de qualquer usuário do iCloud. Esta solicitação gerou preocupações, não apenas na Apple, mas também em outros países, incluindo os Estados Unidos, devido às implicações sobre a soberania de dados e a privacidade pessoal. Em resposta, em fevereiro, a Apple optou por retirar do Reino Unido seu serviço iCloud Advanced Data Protection, uma solução de segurança com criptografia avançada.
Em setembro, o pedido foi reiterado, mas com foco exclusivo nos usuários britânicos. Diante disso, especula-se sobre como a Apple lidará em manter seus princípios de segurança sem entrar em conflito direto com as exigências do governo britânico, que visam fortalecer as capacidades de segurança nacional por meio da tecnologia.