A falsificação de recibos e notas fiscais, atividade que anteriormente exigia conhecimento técnico avançado em edição de imagens, está se tornando mais acessível devido ao avanço das inteligências artificiais (IAs) capazes de criar imagens a partir de comandos textuais. Com o auxílio dessa tecnologia, usuários podem gerar documentos falsos com apenas uma descrição detalhada e algumas referências. Essa facilidade traz uma nova dinâmica para a prática, antes restrita a um grupo menor de pessoas com habilidades específicas.
Relatos de empresas indicam uma tendência crescente na utilização de IAs para falsificação de documentos financeiros. Dados da AppZen, empresa financeira que oferece soluções de IA, revelam que recibos falsos gerados por IA representaram cerca de 14% dos documentos fraudulentos identificados em setembro. Em contraste, no ano anterior, não havia registros dessa natureza. Este aumento sugere uma nova era de desafios para a detecção de fraudes corporativas.
A Medius, uma plataforma de gestão de despesas, destacou em sua pesquisa de mercado que 30% dos profissionais do setor financeiro dos Estados Unidos e Reino Unido notaram um aumento nos recibos falsificados desde que o recurso de geração de imagens do GPT-4o foi disponibilizado em março de 2025. Essa tecnologia tornou os documentos falsos extremamente realistas, alertando os especialistas a desconfiar da autenticidade de documentos que aparentemente são perfeitos.
Um estudo divulgado pela SAP em julho de 2025 apontou que cerca de 70% dos diretores financeiros das empresas que utilizam suas plataformas suspeitam que funcionários estão recorrendo ao uso de IA para falsificar despesas de viagem e recibos. Além disso, 10% destes diretores têm a certeza de que essas práticas estão ocorrendo em suas organizações, mostrando uma preocupação crescente com a integridade das informações financeiras.
Paradoxalmente, o crescimento na utilização de IAs para fraudes está impulsionando o desenvolvimento de tecnologias de combate baseadas na mesma inteligência artificial. Empresas estão adotando softwares avançados para detectar documentos falsificados, capazes de identificar metadados alterados e analisar padrões visuais suspeitos com mais precisão do que a observação humana. Esses sistemas são treinados para reconhecer anomalias como repetição de elementos em horários ou nomes, além de inconsistências visuais, reforçando a segurança das transações financeiras.
Calvin Lee, diretor sênior de gestão de produtos na Ramp, enfatiza que, embora os humanos possam cometer deslizes devido ao cansaço ou distração, a tecnologia mantém um foco constante, permitindo uma verificação meticulosa dos documentos. Isso representa um avanço significativo no combate à falsificação, balanceando a escala de poder entre fraudadores e defensores da integridade financeira.
