Indústria Digital Brasileira Enfrenta Desafios para Implementar Inteligência Artificial com Sucesso

A realidade da Inteligência Artificial (IA) no Brasil ainda se encontra distante da expectativa de uma verdadeira revolução digital. A maior parte das iniciativas, cerca de 95% dos casos de uso, são comparadas a uma “dança da chuva”, conforme mencionado por Andres Stella, COO da Yalo, durante o Congresso Indústria Digital. Sua afirmação destacou a necessidade de um debate aprofundado sobre as reais capacidades e implementações da IA no mercado brasileiro, delineadas em um painel que focou no futuro do comércio digital.
No evento, especialistas alertaram quanto à urgência de discernir o “hype fantasioso” da infraestrutura de negócios concretos para evitar prejuízos financeiros significativos e capturar valor de mercado. O consenso é que a IA não representa mais uma mera promessa futura, mas sim uma realidade que já deveria estar consolidada. Carolina Franco, jornalista da Mondoni Press, mediou o debate, que contou com a presença de Anaísa Catucci, do Canaltech, e Thiago de Melo Furbino, uma figura influente e fundadora da TL.MF.
Ficou claro que a aplicação prática da IA requer o foco em bases sólidas de dados, rigorosa governança e ética por parte dos profissionais do setor. Furbino sublinhou que o Brasil, ainda em fase de testes, deve priorizar essas questões para sustentar uma nova infraestrutura de negócios. Realizado em sua sétima edição em São Paulo, o evento abordou temas como omnicanalidade, IA, marketing e dados aplicados à indústria, com contribuições de especialistas como Kael Lourenço, do Magazine Luiza, que compartilhou insights sobre o mercado de consumo direto (D2C).
Durante as discussões sobre transformação digital, ficou evidente que o entusiasmo e a adoção crescente da IA no Brasil são ofuscados pela pressa e falta de bases robustas. A “Pesquisa Panorama 2026”, realizada em parceria pela Amcham Brasil e Humanizadas, revelou que 84% das empresas já utilizam IA, contudo, 61% delas colhem resultados limitados. Furbino destacou a necessidade de maturidade de dados antes da implementação da IA, afirmando que sem uma base sólida, a tecnologia não pode ser eficazmente integrada nas empresas.
Stella insistiu na importância de construir uma infraestrutura sólida para evitar que as promessas da IA se tornem ilusões. Falhas em integrar sistemas de back-end demonstram que muitas tentativas de adoção de IA se mostram ineficazes. É necessário abrir caminho para a automação de processos, como faturamento e cobrança, com sistemas de dados bem integrados. Ele defendeu um modelo de negócio que priorize eficiência, rentabilidade e satisfação do cliente, encapsulados na ideia dos “4Ps da alegria”.
O debate sobre segurança, governança e aspectos regulatórios da IA foi igualmente intenso. Segundo os especialistas, é crucial assegurar que a coleta e uso de dados estejam respaldados por uma estrutura ética, que deve partir das altas esferas das empresas. Preocupações foram levantadas quanto à possibilidade do Brasil adotar regulamentações europeias, que alguns consideram restritivas. Eles advogam por um equilíbrio entre segurança, criatividade e inovação.
A lidar com a dicotomia entre fantasia e valor real, Furbino e Anaísa ressaltaram a importância da aplicação prática da IA em casos específicos que oferecem resultados concretos, como a previsão de tendências de moda e a criação de experiências de consumo personalizadas. Nesse sentido, a IA pode acelerar processos criativos e democratizar o acesso à informação de qualidade.
No contexto dos marketplaces, Kael Lourenço do Magazine Luiza enfatizou que a automação é crucial para a eficiência, mas não substitui o contato humano essencial para o sucesso em vendas do modelo D2C. A capacidade de oferecer suporte direto a vendedores, analisando desempenhos e otimizando estratégias de marketing através do contato direto, é vista como um diferencial decisivo.




