A recente política de deportação implementada pelo presidente Donald Trump está gerando preocupações no setor de consumo, especialmente entre clientes latinos, conforme relatado pela Constellation Brands, responsável pelas marcas de cerveja como Modelo e Corona.
Desde o início de sua administração, Trump tem adotado medidas rigorosas para controlar a imigração, incluindo a aplicação de uma autoridade rara utilizada em tempos de guerra. Em um incidente recente, ocorreu a deportação equivocada de um cidadão salvadorenho, o que ressaltou a polêmica em torno da política.
Com cerca de 50% de sua base de clientes composta por hispânicos, a Constellation Brands percebeu uma queda significativa nas vendas, uma vez que muitos consumidores estão evitando a socialização em restaurantes e grandes reuniões por medo das deportações, conforme indicado pelo CEO da empresa, William Newlands, durante uma teleconferência com analistas na quinta-feira passada.
“Muitos consumidores da comunidade hispânica estão preocupados neste momento”, afirmou Newlands. Ele observou que a redução nas reuniões sociais, onde tradicionalmente o consumo de cerveja é alto entre hispânicos, está contribuindo para a diminuição das vendas. No último trimestre, a companhia registrou uma queda de 1% nas remessas de cerveja, sendo a retração mais acentuada em áreas com alta concentração da população hispânica.
De acordo com uma entrevista concedida ao Wall Street Journal, Newlands destacou que alguns consumidores hispânicos estão optando por grandes redes de varejo, buscando se misturar a um público mais amplo, em detrimento das lojas menores que costumam atender esta comunidade. Essa mudança de comportamento reflete uma busca por segurança e discrição durante as compras.
As políticas de imigração de Trump não são o único desafio enfrentado pelas empresas. Aumento de tarifas também tem gerado incertezas econômicas e potencialmente ameaça causar uma recessão. Marcas como Burlington, Foot Locker, Colgate-Palmolive e Monster relataram queda nas vendas entre os clientes hispânicos nas últimas semanas.
“Certamente, a demanda hispânica foi impactada, resultando em menor fluxo de consumidores latinos”, comentou John Faucher, vice-presidente da Colgate-Palmolive. Pesquisas da Circana indicam que, neste ano, as compras discricionárias entre hispânicos estão caindo em um ritmo acelerado em comparação com consumidores não hispânicos.
Analistas da RBC Capital Markets, como Nik Modi, têm notado uma pressão crescente sobre os consumidores hispânicos, atribuída às incertezas políticas relacionadas à imigração. “Essa situação tem se traduzido em um recuo no varejo”, concluiu Modi.