Um estudo conduzido por pesquisadores americanos revela que é possível reverter sinais precoces do Alzheimer por meio de alterações no estilo de vida. Os resultados preliminares do estudo BioRAND foram apresentados na reunião anual da Academia Americana de Neurologia e indicam que biomarcadores sanguíneos de pacientes podem ser modificados com intervenções não farmacológicas.
A autora principal, Kellyann Niotis, neurologista com especialização em redução de risco para Alzheimer e Parkinson, destaca que os biomarcadores são utilizados para determinar se um paciente apresenta demência. “Estudos têm mostrado que esses marcadores podem refletir mudanças na progressão da doença, impactadas pelas ações dos próprios pacientes”, afirmou Niotis.
Metodologia da Pesquisa
A pesquisa envolveu 71 participantes, dos quais 54 receberam orientações personalizadas sobre prevenção neurológica, enquanto 17125 biomarcadores através de testes comerciais e de pesquisa, focando em proteínas específicas. Esses biomarcadores são essenciais, pois podem ser detectados antes do surgimento de sintomas clínicos.
A redução de tais biomarcadores é considerada um sinal de melhoria na saúde cerebral, antecedendo a possibilidade de um declínio cognitivo irreversível.
Intervenções Recomendadas
Os cientistas sugerem implementações como:
- Controle da pressão arterial
- Alterações na alimentação
- Prática regular de exercícios
- Melhora da qualidade do sono
- Redução do estresse
- Suplementação nutricional
Essas mudanças já possuem respaldo científico, relacionando fatores modificáveis, como sedentarismo, má alimentação e obesidade, ao aumento do risco de demência. A pesquisa BioRAND valida esses efeitos por meio de exames objetivos e quantificáveis, mostrando que participantes que seguiram pelo menos 60% das recomendações apresentaram melhorias significativas.
“Esses marcadores demonstram como o cérebro está respondendo biologicamente às mudanças. Pela primeira vez, conseguimos medir esse progresso de forma precisa em tempo real”, afirmou Niotis.
Diagnóstico Precoce
Os exames de sangue são considerados uma alternativa acessível e menos invasiva para o diagnóstico precoce do Alzheimer. Eles podem eventualmente substituir métodos mais agressivos, como punções lombares e exames de imagem onerosos.
O objetivo a longo prazo é que esses testes funcionem como uma espécie de “colesterol do cérebro”, permitindo o monitoramento de riscos e orientando cuidados preventivos a partir da meia-idade. Segundo o neurologista Richard Isaacson, líder da pesquisa, a meta é democratizar o cuidado com a saúde cerebral, proporcionando que mais pessoas possam acompanhar seu risco e tomar medidas preventivas antes do surgimento dos primeiros sintomas.