O Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta segunda-feira (7), marca também o início da campanha nacional de vacinação contra a gripe no Brasil. O Ministério da Saúde estabeleceu uma meta ambiciosa: imunizar 90% dos grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e idosos. A importância dessa medida é enfatizada pelos dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que indicam que, no ano passado, apenas 50,1% dos idosos receberam a vacina contra a influenza.
A cobertura vacinal de 2024 mostrou consequências alarmantes. As hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada à gripe aumentaram 189% entre os idosos, enquanto o número de mortes subiu 157%. A taxa de letalidade alcançou 21,7%, significando que uma em cada cinco pessoas acima de 60 anos internadas por complicações da doença não sobreviveu.
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, destacou em um evento promovido pela Sanofi, que esta é a primeira vez na história em que a porcentagem de idosos vacinados contra a gripe ficou abaixo da de gestantes e crianças. “Historicamente, esse grupo sempre teve alta adesão à vacinação, mas em 2024 isso mudou”, afirmou. Segundo Richtmann, o vírus da gripe pode comprometer diversos órgãos, provocar inflamações sistêmicas e elevar o risco de infecções bacterianas, resultando em complicações graves.
As campanhas de vacinação são fundamentais para a longevidade da população. Ao longo do século XX, vacinas desempenharam um papel crucial na elevação da expectativa de vida global, erradicando doenças como a varíola e reduzindo drasticamente a incidência de infecções graves, como poliomielite e sarampo. A médica cirurgiã Andréia Antoniolli considera esse avanço um divisor de águas na história da medicina, enfatizando que muitas dessas doenças possuem alto potencial de contágio e podem deixar sequelas severas.
Andréia destaca que a eliminação de tais enfermidades foi um “salto quântico na medicina do século passado”, embora hoje o sistema imunológico enfrente novos desafios devido a hábitos de vida modernos que o enfraquecem. Ela menciona problemas como envelhecimento biológico acelerado e disbiose intestinal, que comprometem as defesas do corpo humano.
Imunossenescência e suas Implicações
A imunossenescência, que é o declínio da função imunológica com o passar do tempo, prejudica a eficácia das vacinas, especialmente em quem mais precisa delas: os grupos mais velhos. A medicina regenerativa, ao atuar no rejuvenescimento celular e na restauração funcional do sistema imunológico, pode transformar a prevenção de doenças em idosos. Terapias com células-tronco e compostos geroprotetores têm se mostrado promissoras nessa área.
De acordo com Andréia, a medicina regenerativa pode fortalecer a resposta ao tratamento vacinal e melhorar a defesa contra infecções, até mesmo câncer. Já existem evidências de que a resposta imune em pessoas mais velhas é menos eficaz, influenciada por alterações em centros germinativos, estruturas responsáveis pela produção de anticorpos de alta qualidade.
“Os efeitos relacionados à idade são reversíveis, desde que haja reparos celulares adequados nesses centros”, explica ela. Além disso, as inovações na biotecnologia têm ampliado o espectro de atuação da medicina regenerativa, com o uso de biomateriais para melhorar a entrega de antígenos e aumentar a eficiência das vacinas.
Andréia ressalta que, com os avanços na medicina regenerativa, espera-se uma resposta vacinal ampliada, com potencial para reduzir a frequência necessária de imunizações. O fortalecimento do sistema imunológico deve ser visto como uma estratégia vital para saúde e longevidade. “Manter um sistema imunológico jovem e eficiente é crucial para defender o organismo contra doenças infecciosas, inflamatórias e câncer”, conclui ela.