Um estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade Radboud e pela Universidade KCMC, na Tanzânia, revela que a dieta tradicional da região do Monte Kilimanjaro apresenta efeitos mais benéficos para a saúde em comparação à alimentação ocidental. A pesquisa foi publicada na revista Nature Medicine em 3 de outubro de 2023.
Os resultados indicam que a dieta ocidental está associada a um aumento da inflamação, a uma resposta imunológica diminuída e à ativação de marcadores que podem levar a doenças cardiovasculares e diabetes. Em contraste, uma dieta rica em vegetais, fibras e alimentos fermentados, típica da região do Kilimanjaro, demonstrou reduzir significativamente as substâncias inflamatórias.
Este estudo é um dos primeiros a investigar de forma sistemática os impactos da alimentação tradicional africana sobre a saúde. Participaram 77 homens saudáveis, provenientes de áreas urbanas e rurais da Tanzânia, que foram divididos em quatro grupos:
- Grupo 1: Dieta do Kilimanjaro, seguida de duas semanas de dieta ocidental;
- Grupo 2: Dieta ocidental, seguida de duas semanas de dieta tradicional;
- Grupo 3: Consumo diário de uma bebida fermentada de banana chamada mbege;
- Grupo 4: Grupo controle, mantendo hábitos alimentares normais.
“Embora pesquisas anteriores tenham explorado dietas tradicionais como a japonesa e a mediterrânea, a comida africana oferece oportunidades únicas para entender a relação entre nutrição e saúde, especialmente em um momento em que o estilo de vida está mudando rapidamente”, afirmou Quirijn de Mast, do Centro Médico da Universidade Radboud.
Dieta Tradicional do Kilimanjaro
Os pesquisadores analisaram duas dietas: a ocidental, que incluía carne, pizza, arroz branco, macarrão, batatas fritas, ovos, pão branco, panquecas e poucas frutas e vegetais; e a tradicional do Kilimanjaro, composta por uma abundância de vegetais, frutas, feijões, arroz integral e carne em quantidades limitadas, além de produtos fermentados.
De Mast enfatizou que “a dieta africana é rica em alimentos saudáveis como vegetais, frutas, grãos e produtos fermentados, que se mostram benéficos para controlar a inflamação e processos metabólicos”. Ele também destacou os riscos associados à dieta ocidental, caracterizada por um alto consumo de produtos processados e calorias, indicando que a inflamação está relacionada a várias doenças crônicas, ressaltando a importância deste estudo para países ocidentais.
Relevância da Pesquisa
O estudo não apenas expõe as vantagens da dieta tradicional do Kilimanjaro, mas também serve como um alerta sobre os malefícios da alimentação ocidental em um contexto de crescente epidemia de doenças relacionadas ao estilo de vida.