Ministros da Defesa europeus alertaram, nesta sexta-feira (12), que a paz permanece distante para a Ucrânia em razão da constante agressão do presidente russo, Vladimir Putin. Enquanto isso, os Estados Unidos intensificam diálogos com Moscou.
O enviado especial do governo Trump, Steve Witkoff, encontrou-se com Putin, apertando a mão do líder russo no início da reunião, que ocorreu em Moscou. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o encontro teve como foco a situação ucraniana e encerrou-se às 22h, no horário local (16h em Brasília). Peskov descreveu a reunião como “uma boa oportunidade” para transmitir a posição russa ao governo Trump.
Conforme noticiado pela agência estatal russa TASS, Witkoff também se reuniu em São Petersburgo com o negociador russo Kirill Dmitriev, que caracterizou as conversas como “produtivas”. Existe a possibilidade de um futuro encontro entre os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos, conforme indicado por pesquisa realizada por Peskov.
Enquanto isso, aliados da Ucrânia se concentravam em Bruxelas, onde ministrantes da Defesa da Alemanha e do Reino Unido reforçaram que a agressão russa persiste, apesar das alegações de Putin sobre seu desejo de paz. Nessa reunião do Grupo de Contato para a Defesa da Ucrânia — que inclui cerca de 50 nações —, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, participou apenas por videoconferência.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, destacou entre os presentes que a possibilidade de paz parece “fora de alcance no futuro imediato” devido à guerra em curso. “Continuaremos fornecendo apoio militar à Ucrânia, reforçando sua capacidade de resistência contra a Rússia”, afirmou Pistorius.
Diversos líderes, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, alertaram que a responsabilidade pela guerra recai exclusivamente sobre a Rússia. Zelensky mencionou a recusa de Putin em aceitar um cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos em março, enfatizando que “sem força contra a Rússia, não haverá disposição por parte dela para uma proposta de paz viável”.
O secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, também comentou sobre a rejeição de um acordo de paz por parte da Rússia, observando que Putin permanece em uma postura defensiva, ao mesmo tempo em que continua os ataques. A reunião marcada para Bruxelas foi a primeira em que um alto funcionário do Pentágono não compareceu presencialmente desde a fundação do grupo, em 2022, após a invasão russa. Essa ausência vem acompanhada de mudanças na política da administração Trump, vistas por analistas como uma aproximação em relação a Moscou.
Witkoff, por sua vez, insinuou que a Ucrânia poderia precisar considerar a cedência de quatro regiões — Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson — para alcançar um entendimento com Moscou. Essa proposta levantou preocupações entre aliados e líderes ucranianos.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, comentou que a decisão de Hegseth em participar virtualmente é uma questão de agenda da administração Trump e não de prioridades políticas, desvalorizando possíveis interpretações sobre o ocorrido.
Healey, em contrapartida, declarou seu compromisso em intensificar a pressão sobre Putin e, durante a reunião, novas promessas de ajuda militar totalizaram mais de €21 bilhões (cerca de US$ 23,8 bilhões), com a Alemanha contribuindo com mais €11 bilhões (US$ 12,5 bilhões) até 2029. Esses fundos incluem sistemas de defesa aérea e mísseis, essenciais para o fortalecimento da capacidade militar da Ucrânia.
Zelensky enfatizou a urgência da obtenção de sistemas de defesa aérea, afirmando que a proteção do espaço aéreo da Ucrânia é uma prioridade diante da intensificação dos ataques russos. Um novo relatório das Nações Unidas revelou um aumento significativo nas baixas civis na Ucrânia, com um registro de 164 mortos e 910 feridos em março, refletindo a gravidade da situação no conflito.