Os brasileiros destinaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês para apostas online nos primeiros três meses de 2025. A informação foi apresentada na terça-feira (9) pelo secretário-executivo do Banco Central, Rogério Lucca, durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas no Senado.
A nova estimativa representa uma revisão em relação à previsão anterior do Banco Central, que projetava uma média mensal de R$ 20 bilhões para 2024. O aumento nos valores pode ser atribuído à regulamentação das apostas de quota fixa, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025, possibilitando um melhor acesso a dados do setor. “Estamos acompanhando um volume de movimentação que gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês”, informou Lucca.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou que as estimativas anteriores subestimaram os prêmios pagos pelos sites de apostas. Enquanto se acreditava que 85% das apostas retornassem aos jogadores, dados mais recentes sugerem que esse índice está próximo de 93%. “Estamos reunindo dados para entender as migrações de comportamento e seu impacto no consumo e na estabilidade econômica”, destacou Galípolo. Ele alertou que uma parte da renda das famílias está sendo desviada para apostas, o que pode afetar a atividade econômica e o risco de crédito.
A CPI, presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR) e relatada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), investiga a influência das apostas no orçamento doméstico e possíveis vínculos com o crime organizado.
Em relação à criação de normas específicas para controlar o fluxo de recursos das casas de apostas, Galípolo ressaltou que o Banco Central não possui competência legal para regular o setor, mas está monitorando os impactos das apostas na estabilidade financeira e na política monetária. “Algumas instituições financeiras já relataram que o histórico de apostas começou a influenciar o risco de crédito dos clientes”, afirmou o presidente do BC.
A regulação do setor de apostas esportivas foi sancionada no final de 2024 e começou a vigorar em janeiro deste ano. O governo espera que a regulamentação traga mais transparência, aumente a arrecadação tributária e minimize os riscos sociais e econômicos associados ao setor.