Nesta quinta-feira, 11 de outubro, a Polícia Federal (PF) realizou a operação “Copia e Cola” em Sorocaba, São Paulo, visando um suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à saúde. Durante a ação, foram apreendidos quase R$ 1 milhão em dinheiro, além de carros de luxo, armas de fogo e munições. A operação atinge diretamente o entorno do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), incluindo sua residência e gabinete.
Os agentes cumpriram 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades de São Paulo e na Bahia, focando especialmente em uma Organização Social (OS) contratada para administrar unidades de saúde em Sorocaba. Esta OS é acusada de operar contratos superfaturados com a assistência de lobistas e agentes públicos.
Dentre os bens apreendidos, destacam-se:
- R$ 863 mil em espécie, encontrados em caixas de papelão nas residências de Josivaldo Souza, que se apresenta como bispo, e Simone Frate de Souza, cunhada do prefeito;
- Três carros de luxo (um Porsche, uma BMW e um Toyota) na casa de Marco Silva Mott, amigo pessoal de Manga, que é investigado por lavagem de dinheiro;
- Seis armas longas, 11 pistolas e diversas munições.
A OS em questão, Aceni, é responsável pela gestão da UPA do Éden e da UPH Oeste. Recentemente, um bloqueio judicial de R$ 20 milhões foi imposto à entidade, que também foi proibida de firmar novos contratos com o poder público. O presidente da organização também está sendo investigado.
A PF ainda apura o envolvimento de ex-secretários da administração atual, como Vinicius Rodrigues (Saúde) e Fausto Bossolo (Administração). Bossolo já foi condenado por envolvimento em uma compra superfaturada de um prédio de R$ 10 milhões para a Secretaria de Educação. Ambos são considerados peças-chave no suposto esquema de favorecimento de contratos.
Manga critica a operação e se declara alvo político
Em resposta às investigações, o prefeito Rodrigo Manga divulgou um vídeo nas redes sociais, onde ironizou a ação ao afirmar: “Mandaram a PF na minha casa e encontraram bolo de cenoura, Nutella e o Pokémon do meu filho”. Ele negou ser o proprietário dos bens apreendidos e afirmou que a polícia apenas levou a chave de seu carro, que estava em seu gabinete.
Manga descreveu a operação como uma “perseguição política” e um ato “eleitoreiro”, embora tenha dito respeitar a investigação. Ele ainda disse que todos os contratos com a OS estão sob fiscalização, sem evidências de irregularidades até o momento.
Acúmulo de escândalos em sua gestão
A administração de Manga não é nova em escândalos. Em 2024, a Justiça determinou o bloqueio de bens do prefeito devido a irregularidades na compra de kits de robótica no valor de R$ 26 milhões. Nessa mesma decisão, dois ex-secretários de sua gestão foram condenados à prisão por superfaturamento na compra de um prédio da Seduc.
Questionado sobre as investigações, o prefeito afirmou que todos os processos “estão caindo” e que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas.