O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou polêmica ao se referir de maneira pejorativa à diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, em um discurso realizado em São Paulo na última terça-feira, 8 de outubro de 2023. Ao recordar um encontro com Georgieva durante a cúpula do G7 em Hiroshima, Japão, Lula a chamou de “mulherzinha” sem mencionar seu nome. Ele relatou que, em 2023, a economista teria estimado um crescimento de apenas 0,8% para o Brasil.
“E lá [em Hiroshima], eu encontro uma mulherzinha, sabe, presidente do FMI, que nem me conhecia. ‘Presidente Lula, o Brasil só vai crescer 0,8%’. Eu falei: ‘Você nem me conhece, eu não te conheço. Como você fala isso?’. A resposta veio no final do ano: o Brasil cresceu 3,2%”, declarou o presidente durante a abertura da 29ª Feicon e da 100ª edição do Enic (Encontro Internacional da Indústria da Construção).
A fala de Lula rapidamente repercutiu nas redes sociais, recebendo críticas por seu tom considerado machista e diplomaticamente impróprio. Kristalina Georgieva, que lidera o FMI desde 2019, é uma das economistas mais influentes globalmente, conhecida por sua atuação durante a pandemia e por implementar programas de alívio financeiro para países em dificuldades.
De maneira mais abrangente, Lula criticou a postura de economistas e analistas que, segundo ele, fazem previsões negativas sobre o Brasil. “Está cheio de especialista nesse país; não tem um especialista para dar um palpite bom, é só para dizer desgraça”, disse. O presidente contestou as previsões de crescimento modesto para 2024, atribuindo aos mesmos analistas erros em suas análises no ano anterior.
Esse discurso reflete uma tentativa do governo de fortalecer a narrativa de resiliência econômica, mesmo diante de um cenário internacional desafiador e da desaceleração nacional. Contudo, a declaração pode agravar tensões com instituições multilaterais, indicando possíveis ruídos nas relações com o FMI — especialmente num contexto em que a Argentina, um país vizinho em crise, está negociando novos empréstimos com o Fundo.
A fala de Lula também surge em um momento crítico, enquanto seu governo busca reverter a estagnação na popularidade. A economia figura central nas estratégias para recuperar a confiança da classe média e manter a base política coesa em vista das eleições de 2026.