O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou como uma “anomalia” o atual nível dos juros reais no Brasil, projetados em **cerca de 8,8% ao ano**. A declaração foi feita durante sua participação no Brazil Investment Forum, evento promovido pelo Bradesco BBI, nesta terça-feira (8).
Haddad destacou que o patamar elevado dos juros compromete o esforço fiscal e impede o crescimento econômico do país. “Não é razoável o juro real que se paga para rolar a dívida”, afirmou. Ele também ressaltou que a dívida pública é um reflexo de decisões do passado, não da atual gestão, trazendo à tona o impacto do serviço da dívida no resultado das contas públicas.
No período de 12 meses encerrados em fevereiro, o **déficit nominal do setor público**, que inclui o pagamento de juros, alcançou **R$ 939,8 bilhões**. Esse valor representa uma leve redução em relação ao recente pico de **R$ 952 bilhões**, registrado no final de 2023. A maior parte do déficit corresponde aos **R$ 924 bilhões** pagos em juros da dívida, marcando um aumento de **1,4%** em relação ao mês anterior.
Compromisso com meta fiscal e crescimento
O ministro reiterou o compromisso do governo em cumprir a meta de zerar o **déficit primário** até **2025**, com uma margem de tolerância de **0,25% do PIB**. Para **2026**, a meta é estabelecer um superávit de **0,25% do PIB**, também com uma margem de **0,25 ponto percentual**. “Estamos tomando todas as providências para o cumprimento da meta”, garantiu Haddad.
Apesar da inflação acumulada em **12 meses até fevereiro**, que chegou a **5,06%**, superando o teto da meta de **4,5%**, o ministro defendeu que o Banco Central “está fazendo seu papel” e enfatizou a relevância da sintonia entre as políticas fiscais e monetárias para impulsionar o crescimento econômico.
Apetite para investir
Haddad também abordou a importância de aumentar os investimentos privados como forma de estimular o **Produto Interno Bruto (PIB)**. Ele expressou confiança no apetite de capital para projetos no Brasil, prevendo um crescimento do PIB de **2,5% para 2025**.
Por fim, Haddad anunciou que o projeto da **Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)** para 2026 será enviado ao Congresso no dia **15 de abril**. O documento apresentará as premissas para o orçamento do próximo ano e as orientações fiscais para os últimos meses do governo Lula.