O ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, está detido desde 14 de dezembro em razão de suposta obstrução de justiça relacionada à tentativa de golpe de Estado. Recentemente, ele recebeu a visita do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que, durante o encontro, discutiu a proposta de anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro. Segundo o Estadão, Braga Netto havia parabenizado Sóstenes pela articulação do projeto.
A visita, que durou aproximadamente 40 minutos, foi a primeira que Braga Netto recebeu de alguém que não pertence à sua família. Ele permanece preso há 122 dias na 1ª Divisão do Exército, localizada na Vila Militar do Rio de Janeiro.
De acordo com informações da Coluna do Estadão, Braga Netto manifestou ao líder do PL a convicção de ser alvo de uma injustiça. O general mencionou que a prisão ocorreu após indícios fornecidos pela Polícia Federal, que relataram uma ligação e trocas de mensagens entre ele e o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens da presidência, Mauro Cid. O ex-ministro defende que foi Lourena quem o procurou.
“O pai do Mauro Cid que ligou para ele. Por isso, ele acredita que a prisão não se sustenta. Ele também afirmou que nunca ouviu a palavra golpe em reuniões nas quais participou”, relatou Sóstenes à Coluna do Estadão.
No encontro, o líder do PL rezou o Pai-Nosso com Braga Netto e presenteou-o com o livro “Uma Vida Com Propósitos – Por Que Estou na Terra?”, de Rick Warren, que propõe reflexões sobre o sentido da vida.
Segundo Sóstenes, o ex-ministro perdeu entre um a dois quilos devido à prática de exercícios na prisão. O líder do PL destacou que Braga Netto não possui privilégios, vivendo em um espaço que inclui quarto e banheiro, alimentando-se com a comida do quartel militar. Na última quinta-feira, dia 10, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, liberou a realização de visitas ao ex-ministro, sendo estas limitadas a grupos de até três pessoas, agendadas entre às 14h e às 16h. Sóstenes mencionou que, na próxima quinta, dia 17, senadores como Damares Alves e Hamilton Mourão deverão visitar Braga Netto.
Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, é um dos réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na tentativa de golpe. A denúncia foi aceita pelo STF em 26 de março deste ano.
Conforme as informações apresentadas na denúncia, o ex-ministro teria organizado uma reunião em sua residência com um núcleo de militares da formação em forças especiais, conhecidos como “kids pretos”, onde foram delineadas estratégias para a execução do golpe. Além disso, é acusado de ter proferido represálias contra oficiais das Forças Armadas que não se envolveram na articulação golpista.
Braga Netto, ao lado do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, também é atribuído à criação de um gabinete que visava gerir a situação após uma possível ruptura institucional. A PGR ainda associa seu nome à chamada “Operação Punhal Verde e Amarelo”, na qual se articulava um plano para a eliminação de figuras-chave como o ministro Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A defesa de Braga Netto qualificou a denúncia como “ilógica e fantasiosa”. Os advogados também afirmaram que o documento apresentado pela PGR se assemelha a “um filme ruim e sem sentido”. Eles criticaram o conteúdo da denúncia, alegando que ela contém falhas que comprometem sua credibilidade, exemplificando com a absurda inclusão de um plano de prisão de uma pessoa já falecida.