O Irã e os Estados Unidos iniciaram um ciclo de conversações de alto nível em Omã no último sábado, dia 12, com o objetivo de avançar nas negociações relacionadas ao programa nuclear de Teerã. O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou suas ameaças de uma possível ação militar caso não se alcance um acordo.
O time iraniano foi liderado pelo ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, enquanto a parte americana esteve sob a condução do enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff. As conversas, conforme informações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, ocorreram de forma indireta, mediadas pelo governo de Omã. As delegações mantiveram salas separadas e trocaram mensagens através do ministro das Relações Exteriores omani.
A postura iraniana quanto às negociações é cautelosa e cética, especialmente em relação a Trump, que frequentemente ameaçou bombardear o Irã se este não interrompesse o enriquecimento de urânio. Apesar das comunicações sobre possíveis progressos, as duas partes ainda estão distantes em uma disputa que se estende por mais de duas décadas. A divergência se manifesta na preferência do Irã por negociações indiretas, enquanto o governo dos EUA busca conversas diretas.
Antes de iniciar as conversas, Araqchi se encontrou com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, em Muscat, para esclarecer as principais demandas e posições do Irã. O contexto atual, exacerbado por conflitos recentes em Gaza e no Líbano, além de tensões com Israel, elevam a urgência de um possível entendimento. Um eventual fracasso nas negociações poderia aumentar os temores de um conflito mais amplo na região, vital para as exportações globais de petróleo.
Teerã já advertiu os países vizinhos com bases americanas sobre "consequências severas" em caso de envolvimento em um ataque militar dos EUA. Araqchi indicou que existe a possibilidade de um entendimento inicial se os EUA abordarem as negociações de maneira equitativa. Ele ressaltou que é prematuro especular sobre a duração das conversas, afirmando que a primeira reunião serviria para sanar questões fundamentais.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, concedeu a Araqchi "autoridade total" nas negociações, conforme afirmado por uma fonte à Reuters. O Irã rejeitou a ideia de discutir suas capacidades de defesa, incluindo seu programa de mísseis balísticos.
Ao longo dos anos, o Irã tem negado buscar armamento nuclear, mas países ocidentais, juntamente com Israel, levantam preocupações sobre a possibilidade de Teerã desenvolver uma bomba atômica. O enriquecimento de urânio pelo Irã ultrapassou os limites exigidos para um programa de energia civil, gerando estoques com níveis de pureza próximos aos requeridos para armamentos nucleares. A administração Trump, que restaurou a "pressão máxima" sobre o Irã desde fevereiro, abandonou o acordo nuclear de 2015 e reimpos várias sanções, levando o programa nuclear iraniano a avanços significativos, incluindo o enriquecimento de urânio a 60% de pureza.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, expressou expectativas de que as conversações possam contribuir para a paz, reafirmando que o Irã não deverá adquirir armas nucleares. O aliado mais próximo dos EUA na região, Israel, continua a considerar o programa nuclear iraniano uma ameaça existencial, já tendo manifestado a intenção de agir militarmente se a diplomacia falhar.
Nos últimos 18 meses, a influência de Teerã no Oriente Médio sofreu significativas restrições, com seus aliados regionais enfrentando desmantelamento ou severas dificuldades após o início do conflito entre Hamas e Israel e a queda do governo de Bashar al-Assad na Síria.