A gestora de investimentos Janus Henderson, responsável pela administração de US$ 379 bilhões em ativos, está recomendando que investidores reduzam suas participações em ações e aumentem os investimentos em títulos soberanos com grau de investimento. Essa orientação surge em um contexto de incertezas econômicas, em meio a tarifas de importação que podem impactar o crescimento global, conforme afirmado por Adam Hetts, chefe global de multiativos da empresa, à agência Reuters.
Atualmente, a Janus Henderson sugere um portfólio composto por 55% em ações e 45% em títulos, um ajuste em relação à orientação anterior, que era de 62% em ações e 38% em títulos. Hetts explica que não é o momento adequado para que os investidores busquem oportunidades de compra em ações, já que uma nova queda nos mercados é considerada uma possibilidade real. Ele destaca um cenário desafiador, com a implementação de tarifas sobre automóveis e reações retaliatórias que podem exacerbar uma guerra comercial, especialmente entre os Estados Unidos, China e Europa.
O gestor considera que os mercados de ações podem estar à beira de uma liquidação mais intensa, sendo que o risco de recessão aumentou significativamente nas últimas semanas. Na quinta-feira, 10 de outubro, os principais índices de Wall Street experimentaram uma acentuada queda, com o S&P 500 registrando perdas superiores a 5%, refletindo a preocupação dos investidores com os efeitos econômicos das políticas tarifárias.
A recente queda nos mercados reverteu a recuperação da quarta-feira, 9 de outubro, quando o presidente Donald Trump anunciou uma pausa tarifária de 90 dias para diversos países, embora tenha elevado a tarifa sobre as importações da China para 125%. Em resposta a essas condições, Hetts observa que as carteiras agora têm uma exposição reduzida às ações, adotando uma posição neutra em ativos dos EUA e ligeiramente inferior em investimentos internacionais.
“Estamos assistindo a uma desaceleração global em decorrência das tarifas e, embora a Europa e a China possam enfrentar desafios adicionais em relação aos Estados Unidos, acreditamos que isso pode mudar com o tempo”, afirma Hetts. Ele aponta fatores como um possível estímulo fiscal na Alemanha e a resolução do conflito entre Ucrânia e Rússia como potenciais impulsionadores para a recuperação econômica na Europa e na China.
Para salvaguardar o capital em meio a essa volatilidade, a Janus Henderson aconselha uma realocação para títulos soberanos de alta qualidade. “Estamos priorizando os títulos soberanos com grau de investimento, em detrimento de crédito, que está se mostrando mais volátil,” conclui Hetts.