O investimento no Tesouro Direto não é isento de riscos, apesar de ser considerado um dos ativos mais seguros do Brasil. Os investidores devem estar cientes de que, em um ambiente macroeconômico repleto de incertezas, a alocação na renda fixa pública pode resultar em prejuízos.
Conforme destacado por Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, embora alguns papéis específicos apresentem riscos elevados, não devem ser totalmente evitados. “São boas opções para quem tem perfil compatível”, comenta sobre os títulos de longo prazo, que têm se tornado mais arriscados recentemente. O importante, segundo o especialista, é ter clareza quanto aos objetivos e riscos envolvidos nas aplicações.
Principais Riscos do Tesouro Direto
Os riscos associados ao Tesouro Direto se intensificam no atual cenário econômico. Veja os principais pontos de atenção:
- Volatilidade: O aumento da volatilidade é uma preocupação crescente. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que a guerra comercial, aliada a um dólar próximo aos R$ 6 e a incertezas sobre a economia global, pode fazer os preços oscilar ainda mais. A marcação a mercado pode levar a perdas temporárias para investidores que necessitem de resgates antes do vencimento dos títulos.
- Estratégias de Especulação: A especulação com títulos públicos, como os híbridos e prefixados, está sujeita a riscos altos. Lime observa que, com o aumento da volatilidade, os especuladores podem enfrentar perdas significativas se a curva de juros subir inesperadamente.
- Investimentos de Longo Prazo: A previsão econômica para períodos tão longos é ainda mais desafiadora. Títulos de longo prazo, como o Tesouro IPCA+ 2045, são particularmente sensíveis às oscilações nas taxas de juros devido à sua alta duration e podem apresentar variações negativas consideráveis.
- Surto Inflacionário: A inflação elevada pode corroer o rendimento de títulos prefixados. Lucas Sigu, sócio-fundador da Ciano Investimentos, alerta que se a inflação ultrapassar a taxa de juro definida pela aplicação, o poder de compra será comprometido, resultando em perdas reais.
- Calote no Tesouro Direto: Embora as chances sejam remotas, a possibilidade de um calote governamental não pode ser descartada, especialmente considerando a atual saúde fiscal do Brasil. Sigu ressalta que a solvência das contas públicas é crucial para garantir os pagamentos aos investidores.
Embora a situação atual apresente riscos, os especialistas acreditam que investidores de longo prazo podem não ter grandes perdas nos próximos anos, desde que as contas do governo sejam geridas de maneira eficiente. É fundamental que os investidores analisem cuidadosamente seus objetivos e o perfil de risco antes de alocar recursos no Tesouro Direto.