No primeiro trimestre de 2025, os fundos de investimento enfrentaram um dos piores desempenhos em cinco anos, registrando um resgate líquido de R$ 39,8 bilhões. Esse resultado foi impulsionado principalmente pela saída de investidores de fundos de ações e multimercados.
Ainda que os fundos de renda fixa tenham conseguido captar R$ 43,2 bilhões, esse montante ficou aquém dos R$ 134,4 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado. As perdas mais significativas ocorreram nos fundos multimercados, que passaram de um saldo negativo de R$ 27,2 bilhões em 2024 para R$ 43,8 bilhões nos primeiros meses deste ano. Em contrapartida, os fundos de ações que, um ano atrás, registraram uma captação de R$ 600 milhões, encerraram março com um resgate líquido acumulado de R$ 27,3 bilhões.
Os dados foram divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) nesta quinta-feira (10). Segundo Pedro Rudge, diretor da entidade, a expectativa é que a renda fixa continue atraindo investimentos, embora a magnitude dos aportes permaneça incerta devido a variáveis no ambiente macroeconômico. Rudge acredita que os fundos devem apresentar captação líquida positiva até o fim do ano, ressaltando que os resultados do primeiro trimestre podem não refletir uma tendência duradoura.
Até fevereiro, o investidor pessoa física foi o segundo maior resgatador, retirando R$ 31,5 bilhões, logo atrás das empresas, com resgates totalizando R$ 42,3 bilhões. Em contraste, o setor público foi o principal investidor, com um saldo positivo de R$ 62,5 bilhões.
Crédito Privado em Alta
A crescente procura por renda fixa resultou em um aumento da participação dos fundos de crédito privado, que passaram a representar 13% do patrimônio líquido total da indústria em fevereiro, comparado a 10% no mesmo mês do ano anterior. Além disso, o número de fundos desse segmento cresceu 51% na comparação anual, saltando de 1.456 para 2.200.
Nos últimos 12 meses, os fundos que possuem maior concentração em crédito privado foram os preferidos dos investidores, com portfólios que apresentam pelo menos 50% de participação de ativos bancários e não bancários, respondendo por 73,42% da captação líquida da categoria. Rudge observa que essa tendência decorre do cenário de altas taxas de juros e da crescente aversão ao risco, resultando na criação de novos produtos por diversos gestores.
Por outro lado, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) tiveram um desempenho negativo, com resgates líquidos de R$ 15,1 bilhões. No entanto, a maior parte desse movimento de saída se concentrou em um único fundo, impedindo uma captação líquida maior, que ficou em R$ 1,8 bilhão. Julya Wellisch, diretora da Anbima, destaca que a concentração de 82,2% do portfólio em direitos creditórios é um indicativo da relevância dos FIDCs no financiamento da economia real, especialmente para pequenas e médias empresas que precisam de acesso mais rápido e eficiente a recursos.