O que esperar do mercado de trabalho em 2026?

Após um primeiro semestre com resultados positivos, a atividade econômica no Brasil começou a mostrar sinais de desaceleração, afetando a criação de empregos em diversos setores. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) indicam uma desaceleração nas contratações.

Em agosto, foram abertas 147,3 mil novas vagas formais, abaixo das 160 mil previstas. No total, neste ano, foram gerados 1,5 milhão de empregos, inferior ao 1,7 milhão registrado no mesmo período do ano anterior. A taxa de desemprego se manteve em 5,6% nos três meses até agosto, igualando o número do trimestre anterior. Essa estabilização no índice, que está em um patamar histórico baixo, também indica uma desaceleração no mercado.

Especialistas avaliam que, apesar da queda na geração de vagas, o mercado de trabalho ainda está aquecido. Um economista fez uma análise sobre o cenário atual, destacando a estabilidade, mas também os sinais de desaceleração. Outro economista-chefe em uma instituição financeira alertou que, se a desaceleração continuar, a taxa de desemprego poderá subir nos próximos meses, especialmente no primeiro semestre do ano que vem.

Em relação aos setores que estão criando empregos, a Pnad destacou áreas que não são diretamente afetadas pela política econômica, como a administração pública, que conta com novos contratos em educação e saúde, além da agropecuária, impulsionada pelas safras de produtos como soja, milho e café.

No entanto, o Caged mostrou que a queda no emprego está mais visível no setor formal, o que contraria a expectativa de que os empregos informais seriam os primeiros a sofrer. Economistas alertam que isso pode ser um sinal preocupante, dado que empregos informais tendem a ser mais voláteis e fracos.

Ainda segundo as análises, a desaceleração é generalizada entre os setores, indicando que os efeitos dos juros altos estão impactando o entendimento do mercado de trabalho. As projeções sugerem que o Brasil deve terminar o ano com resultados positivos, mas em um ritmo mais lento do que o visto anteriormente.

Outro ponto importante é a taxa de participação da força de trabalho, que ainda está abaixo dos níveis vistos antes da pandemia. Os economistas observam que a queda na força de trabalho ajuda a manter a taxa de desemprego estável, mas isso pode estar relacionado a fatores como aumento de benefícios.

Para o próximo ano, as expectativas são de que a política de juros altos ainda influencie a economia e a geração de empregos. Apesar da previsão de um aumento na taxa de desemprego, as demissões em massa não são esperadas. Economistas ressaltam que a inflação pode continuar a cair, mas a confiança no cenário econômico é crucial para qualquer mudança nas taxas de juros.

As análises indicam que o crescimento da renda poderá ser mais fraco, mas isso também poderá ajudar a controlar a inflação. Os especialistas apontam dois cenários possíveis para o futuro próximo: um, onde os salários não desaceleram na mesma proporção que a queda de emprego, indicando uma oferta restrita de vagas, e outro, onde a desaceleração do salário sugere que a política monetária está funcionando como esperado.

Além disso, o próximo ano será marcado por eleições, e o histórico eleitoral mostra que períodos de eleições costumam trazer mais estímulo à economia, o que pode ocasionar pressão inflacionária. Economistas enfatizam que, se os salários continuarem crescendo em ritmo acelerado, isso poderá se tornar um desafio significativo para a política econômica do país.

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