Política

Isenção do IR pode postergar corte da Selic para abril de 2026

O economista-chefe da Reach Capital, Igor Barenboim, afirma que a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil pode atrasar o início do corte da taxa Selic para abril de 2026. Ele, que já foi secretário adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda em 2015, baseou suas projeções na expectativa de inflação e na movimentação da economia.

Até setembro, antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), havia uma divisão nas expectativas do mercado sobre quando começariam os cortes na Selic. Algumas análises indicavam janeiro, enquanto outras indicavam março. Em um novo relatório, a XP também alterou sua previsão, agora apontando para maio como o mês em que poderia ocorrer a redução.

Barenboim explica que a isenção do Imposto de Renda vai liberar mais dinheiro na mão da população, o que deve aumentar o consumo e, consequentemente, pressionar os preços. Ele estimou que o consumo pode aumentar a demanda agregada em até 0,3% do PIB. Essa análise leva em conta o horizonte de tempo que o Banco Central considera para avaliar a meta de inflação. Atualmente, muitos economistas acreditam que o ciclo de corte pode começar em janeiro de 2026, mas lembrou que as reuniões do Copom levarão em conta um horizonte que será relevante até o terceiro trimestre de 2027.

Em sua análise, Barenboim disse que, em janeiro de 2026, a projeção de inflação nesse horizonte será de 3,3%, um patamar que já permitiu cortes em ciclos anteriores. Contudo, com a nova isenção, ele prevê que a inflação se mantenha em 3,4% durante o terceiro trimestre de 2027, só convergindo para 3,3% no quarto trimestre. Assim, ele sugere que os cortes na taxa Selic não começarão antes de abril.

Barenboim também comentou sobre a postura do Banco Central. Ele caracteriza a abordagem da instituição como “mais técnica” e “rigorosa”, destacando que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem resistido a pressões políticas para realizar cortes de juros antes do tempo. Ele acredita que o BC deve manter essa estratégia cautelosa, optando por aguardar o momento adequado para agir, conforme suas previsões econômicas permitam.

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