IPCA leve reduz preocupações sobre aceleração dos núcleos

Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,48%. Esse aumento estava dentro das expectativas do mercado e foi influenciado por fatores como o fim do bônus da Hidrelétrica de Itaipu, a pressão da bandeira tarifária vermelha e reajustes em várias capitais.
A energia elétrica teve um impacto significativo, contribuindo para uma alta de 2,97% no item Habitação. No entanto, a maioria dos economistas acredita que o índice está se aproximando da meta de inflação e que pode desacelerar em outubro.
Norberto Alves, gestor de renda fixa da Reach Capital, comentou que os dados trazem informações importantes sobre a diminuição da pressão inflacionária em bens e serviços. Alves também destacou que embora o IPCA esteja sob controle, a atenção deve ser dada ao período futuro, pois as preocupações com a aceleração dos núcleos de inflação ainda persistem.
Na área de serviços, o índice caiu pela primeira vez desde junho de 2024, passando de 0,39% para 0,13%. Já os bens industrializados mantiveram uma taxa próxima da esperada, com uma desaceleração nos preços dos cuidados pessoais.
Até agora, o IPCA acumulou alta de 5,17% no ano, ligeiramente acima dos 5,13% registrados em agosto. A meta máxima de inflação estabelecida é de 4,5%. A XP Investimentos alertou que, apesar da leve surpresa na queda inflacionária, a inflação de serviços deve ter um espaço limitado para convergir à meta, já que o mercado de trabalho continua apertado, e a economia pode se acelerar nos próximos trimestres.
Outro economista, Pablo Spyer, mencionou que a inflação geral foi ligeiramente menor do que a esperada, e os núcleos de inflação continuam bem comportados. Ele acredita que a tendência é de desaceleração a partir de outubro, especialmente devido à diminuição da tarifa de energia e a estabilização dos preços controlados.
A avaliação do IPCA por Leonardo Costa do ASA foi que, embora os serviços ainda apresentem certa pressão, isso é bastante inferior ao que foi observado no início do ano, indicando um esfriamento gradual da inflação subjacente.
Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital, destacou o avanço de 0,03% na categoria de serviços subjacentes, como uma desaceleração significativa, principalmente em relação à alimentação fora de casa. A média dos núcleos de inflação também ficou abaixo do esperado, com um aumento de 0,19%.
As previsões para a inflação de 2025 foram revistas, com uma queda de 4,8% para 4,7%. Para 2026, a projeção também foi ajustada para baixo, passando de 4,3% para 4,2%.
Quanto à taxa de juros, a XP acredita que a inflação atual permanece elevada e desafiadora, o que poderá exigir juros altos por um período mais longo. As expectativas são de que o corte da Selic comece em março, com a taxa finalizando o ano em 12%.
Os economistas também afirmam que o Banco Central deve seguir com cautela, observando de perto os preços de serviços e bens ao longo do último trimestre. O ambiente de estabilidade e previsibilidade é considerado essencial para o fortalecimento do mercado de capitais e a confiança dos investidores.
A análise da XP sugeriu que a inflação de serviços subjacentes aumentou 0,03%, abaixo da estimativa anterior de 0,24%. Além disso, os preços de “alimentação fora do domicílio” tiveram uma alta de 0,1%, influenciados pelos preços das proteínas.
Os preços de cinema, por sua vez, aumentaram 2,75% após uma campanha promocional em agosto. Os serviços que demandam mais mão de obra subiram apenas 0,33%, abaixo da expectativa de 0,51%. Os preços de bens industriais tiveram um aumento de 0,06%, alinhando-se com as previsões.
Por fim, relação aos preços monitorados, houve um aumento de 1,87%, associado ao fim do bônus de Itaipu e ao aumento do preço da gasolina. Para os próximos meses, as projeções indicam bandeira vermelha patamar 1 para novembro e bandeira amarela para dezembro, sem expectativas de queda nos preços da gasolina pela Petrobras.