A inflação dos alimentos é um dos principais fatores que influenciam a aprovação dos governantes, segundo Felipe Nunes, sócio-fundador da Quaest Pesquisa e Consultoria. Ele destacou, em um painel sobre as perspectivas para a eleição de 2026, que se antes a frase que resumia a política era “É a economia, estúpido”, hoje ela poderia ser reformulada para “É o supermercado, estúpido”. Para Nunes, a inflação dos alimentos é o índice mais sensível na avaliação da satisfação dos cidadãos em relação ao governo.
Esse painel aconteceu na última segunda-feira (29), durante o evento Macro Vision 2025, promovido pelo Itaú BBA. Além de Nunes, participaram Marcelo Souza, do Instituto MDA Pesquisa, e Cila Schulman, do IDEIA Instituto de Pesquisa, que atuou como moderadora.
Nesse contexto, o governo atual deve focar em bandeiras econômicas importantes durante a campanha eleitoral. Questões como o aumento do salário mínimo, o crescimento da massa salarial e a redução do desemprego serão cruciais para atrair o voto popular. Marcelo Souza ressaltou que “o bolso do eleitor é que fala mais alto” na hora de decidir em quem votar.
Entretanto, a situação econômica é complexa e vai além dos dados tradicionais. Felipe Nunes observou que há uma mudança nas preocupações dos eleitores, mas enfatizou que a inflação dos alimentos continua sendo um importante indicador a ser monitorado. Marcelo Souza completou que as preocupações dos eleitores são amplas e complexas, e um bom desempenho econômico, por si só, pode não ser suficiente para garantir a reeleição de um governante.
Além da centralidade da economia, a polarização política também é um fator relevante. Mesmo que a economia apresente resultados positivos, os eleitores podem se manter fiéis a suas ideologias políticas, não transferindo seus votos para candidatos de outras posições. Nunes comparou essa lealdade política à de torcidas organizadas, sugerindo que a identidade política pode superar descontentamentos econômicos.
Ele explicou que a polarização entre os eleitorados de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro é significativa, indicando que o “lulismo” é maior do que a esquerda e que o “bolsonarismo” é menor do que a direita. Isso significa que apenas cerca de 10% dos eleitores estão realmente em disputa, enquanto a maioria já se encontra “calcificada” em suas preferências políticas.