FMI melhora previsão global, mas avisa sobre tensão EUA-China

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou suas previsões de crescimento econômico global para 2025, que agora é de 3,2%. Essa revisão ocorre após os choques tarifários e as condições financeiras se mostrarem mais favoráveis do que o esperado. No entanto, o FMI alertou que uma possível nova guerra comercial entre os Estados Unidos e a China poderia afetar a produção de forma significativa.
No relatório “Perspectiva Econômica Global”, divulgado nesta terça-feira, o FMI destacou que acordos comerciais recentes dos EUA com outras economias importantes conseguiram minimizar o impacto das tarifas inicialmente ameaçadas pelo presidente Donald Trump. Isso resultou em uma segunda revisão da previsão de crescimento desde abril, quando a previsão era de 2,8%.
Além das tarifas mais baixas, o crescimento global foi impulsionado por um setor privado dinâmico, que se adaptou rapidamente às mudanças no comércio, pelo enfraquecimento do dólar, por estímulos fiscais na Europa e na China, e por um aumento de investimentos em inteligência artificial. O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, comentou que, embora a situação não seja tão ruim quanto o temido, ainda é pior do que as previsões de um ano atrás.
Entretanto, Trump reacendeu tensões ao ameaçar a imposição de tarifas de 100% sobre produtos chineses, em resposta a novas restrições que a China colocou sobre terras raras. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, informou que negociações estão em andamento para evitar uma escalada maior na guerra comercial. Gourinchas ressaltou que se essa situação se concretizar, os riscos para a economia global serão significativos. O FMI mencionou que um aumento nas tarifas poderia reduzir o crescimento global em até 1,8% até 2027.
Em relação aos Estados Unidos, a perspectiva se mantém estável, com previsão de crescimento de 2,0% em 2025, ligeiramente acima da previsão anterior de 1,9%. O FMI também projeta um crescimento de 2,1% para 2026. Essa estabilidade é atribuída a tarifas menores, à expansão fiscal gerada pela reforma tributária e ao aumento dos investimentos em inteligência artificial.
A situação econômica da zona do euro também apresentou melhorias nas previsões do FMI, que subiu a estimativa de crescimento para 1,2% em 2025, impulsionada por investimentos na Alemanha e no crescimento contínuo da Espanha. A previsão para a América Latina e o Caribe passou de 2,2% para 2,4%, com destaque para a segunda maior economia da região, o México, que deve crescer 1,0% em 2025.
A previsão para a China permanece em 4,8% para 2025, com os analistas considerando que o aumento das exportações será difícil de sustentar. O FMI expressou preocupações sobre a estabilidade financeira na China, onde o mercado imobiliário ainda é instável após uma crise de bolha, e os riscos de deflação e dívida aumentam.
As projeções de inflação global para 2025 foram mantidas em 4,2%. O FMI observou que, nos EUA, a inflação deve subir à medida que as empresas começarem a transferir os custos das tarifas para os consumidores.