Fed deve reduzir taxa de juros em 0,25 p.p., afirma Inter

Os juros nos Estados Unidos devem passar por um novo corte na próxima quarta-feira, dia 29, quando termina a reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), que define a política monetária do país. A expectativa é que a redução seja de 0,25 pontos percentuais, conforme análise do Banco Inter. Este cenário ocorre em meio à falta de dados oficiais, devido a um apagão gerado pela paralisação do governo federal.
Desde o dia 1º de outubro, o governo dos EUA enfrenta uma paralisação porque o Congresso ainda não aprovou o orçamento para o ano fiscal de 2026. Como resultado, apenas os serviços essenciais continuam operando, e isso afeta a divulgação de estatísticas socioeconômicas importantes para avaliar a saúde da economia.
André Valério, coordenador de pesquisa macroeconômica do Banco Inter, observa que, apesar da falta de dados oficiais, muitos indicadores disponíveis mostram uma situação semelhante à observada antes da paralisação. Alguns desses dados mostram uma leve queda na criação de empregos, enquanto outros permanecem estáveis, sem sinais claros de piora. A redução no número de empregos pode ser observada nos dados da empresa ADP, responsável pela coleta de informações sobre folhas de pagamento no setor privado. Em setembro, os dados mostraram uma queda de 32 mil vagas, indicando uma tendência negativa no mercado de trabalho.
Um outro indicador, o índice de emprego temporário da American Staffing Association, revelou um crescimento leve de 1,2% na contratação de trabalhadores temporários e em contratos de curto prazo em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado. Esse índice é visto como um sinal sobre futuras contratações formais, pois trabalhadores temporários costumam ser os primeiros a serem demitidos em momentos de desaceleração econômica. No entanto, a recente leve melhoria no emprego temporário sugere que as empresas podem estar adotando essa estratégia devido à incerteza econômica causada, por exemplo, por tarifas comerciais.
Apesar do fechamento do governo, o Fed de Chicago continua a compilar algumas estatísticas de trabalho. Com isso, a taxa de desemprego de setembro mostrou uma leve variação de 4,32% para 4,34%, enquanto a taxa de admissões subiu de 2,09% para 2,10%.
Em relação à inflação, Valério destaca que ainda existem pressões sobre os preços, especialmente em decorrência das tarifas. Os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) indicam uma reaceleração nos preços de bens, e isso deve continuar, já que os custos para as indústrias estão em alta, o que pode elevar a inflação acima de 3% ao ano. Contudo, os dados oficiais de inflação de setembro ficaram abaixo das expectativas, devido a uma compensação entre custos de serviços, que tiveram uma desinflação, e as tarifas, que continuam elevando os preços de bens.
Apesar das pressões inflacionárias, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos demonstra uma resiliência notável. Embora o mercado de trabalho tenha mostrado sinais de desaceleração, isso não se reflete na atividade econômica. O Fed de Atlanta estima que o PIB do terceiro trimestre poderá crescer a uma taxa anualizada de 3,9%, o que é apoiado por um índice de atividade econômica semanal do Fed de Dallas.
Valério prevê que o Fed deverá cortar os juros em 25 pontos base em suas reuniões até o final do ano. No entanto, esse cenário não sugere que a economia esteja em necessidade urgente de apoio da política monetária, o que torna as previsões para os juros em 2026 mais incertas. Enquanto o Fed planeja um possível novo corte em 2026, a continuidade da fraqueza no mercado de trabalho será crucial para determinar se essa ação será necessária.




