O economista americano Paul Romer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2018, participou de um evento em São Paulo no dia 14 de novembro, onde compartilhou reflexões sobre o impacto negativo dos monopólios no desenvolvimento da sociedade. Ele alertou que essas grandes empresas concentram poder e dificultam a disseminação de ideias e conhecimentos.
Durante sua apresentação no evento Global Voices, organizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Romer ressaltou que a economia pode prosperar de maneira mais eficaz em ambientes sem monopólios. Ele enfatizou a importância de governos fortes que têm a capacidade de rechaçar práticas prejudiciais de grandes corporações, especialmente aquelas do setor tecnológico que controlam o fluxo de informações.
Romer, que é conhecido por suas pesquisas que mostram como a inovação e o conhecimento impulsionam o crescimento econômico ao longo do tempo, destacou a relevância do compartilhamento de ideias ao longo da história. Ele mencionou invenções que mudaram a sociedade, desde a escrita até a programação de computadores, como no caso da linguagem Python. Esse exemplo ilustra como inovações podem ser compartilhadas livremente e sem restrições, beneficiando todos.
No evento, ele também fez uma crítica à maneira como a sociedade brasileira deve reagir à crescente influência das grandes empresas de tecnologia. Romer afirmou que é essencial que a população não se renda ao controle monopolista dessas empresas, que podem distorcer informações e limitar o acesso ao conhecimento.
Ele usou exemplos práticos para apoiar suas ideias, como o desenvolvimento do soro caseiro em Bangladesh, que foi uma solução simples e amplamente compartilhada, salvando vidas de crianças em várias partes do mundo. Romer explicou que as boas ideias podem emergir de qualquer lugar e seu verdadeiro valor se revela quando são acessíveis a todos.
Além disso, ele discutiu a diferença entre modelos de busca pagos, como o Kagi, que apresentam resultados sem o viés de anúncios, em comparação com o Google, que usa um modelo publicitário que pode influenciar os resultados da pesquisa.
Ao comentar sobre a Microsoft, Romer a apontou como uma grande ameaça à segurança, citando um relatório que revelou vulnerabilidades nos sistemas de compartilhamento de dados da empresa. Ele expressou preocupações sobre a segurança da plataforma, afirmando que a Microsoft não garante segurança aos seus usuários.
Por fim, Romer criticou a atual política dos Estados Unidos, que tem reduzido o papel das agências reguladoras, o que para ele, pode aumentar os riscos associados a empresas que operam sem supervisão adequada.