O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou recentemente que a instituição considera que a atual política monetária é mais restritiva em comparação a ciclos passados e pretende que essa situação continue. Durante um evento em Washington, David declarou que as taxas de juros atuais estão adequadas para direcionar a economia brasileira para um caminho positivo.
Ele destacou que os dados econômicos recentes estão alinhados com as expectativas do Banco Central, mas enfatizou que é necessário aguardar mais informações e um período maior para entender melhor os rumos da economia. David lembrou que, no final do ano passado, existiam dúvidas sobre a eficácia da política monetária e se o Brasil estaria enfrentando um cenário de dominância fiscal, uma situação que, segundo ele, o banco nunca reconheceu.
David ressaltou que a decisão do Banco Central foi ser mais restritivo do que o necessário, afirmando que essa abordagem é essencial na fase atual. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano em sua última reunião, com a intenção de manter esse patamar por um período prolongado, visando trazer a inflação para a meta de 3%.
O diretor do Banco Central também expressou esperança de que as expectativas de inflação do mercado, apresentadas no boletim Focus, se ajustem para alcançar a meta do Banco Central nos próximos meses. Segundo os dados mais recentes do boletim, economistas projetam inflação de 4,72% para 2025, 4,28% para 2026 e 3,90% para 2027, todas acima do objetivo central de 3%.
Entre os fatores que influenciam as expectativa de inflação, David mencionou questões fiscais, incluindo os efeitos da decisão do governo de pagar precatórios acumulados devido à PEC dos Precatórios de 2021. Além disso, ao comparar a situação comercial entre Brasil e Estados Unidos, ele afirmou que, embora existam tarifas aplicadas pelos EUA que impactam setores específicos, os efeitos gerais na economia brasileira não são significativos.
